CEI da Santa Casa ouve ex-conselheiro e amplia apuração sobre déficit milionário em Rondonópolis
Ernando Machado apontou problemas na tabela do SUS e destacou limites da atuação do Conselho Administrativo Foto: Divulgação
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) instaurada pela Câmara Municipal de Rondonópolis para investigar a situação financeira da Santa Casa de Misericórdia realizou, nesta terça-feira (03), mais uma oitiva no plenário. O empresário Ernando Cabral Machado, ex-conselheiro administrativo da instituição, foi o convocado da vez e contribuiu com detalhes sobre sua atuação e os desafios enfrentados pela entidade filantrópica.
Durante a sessão, o presidente da CEI, vereador Ibrahim Zaher (MDB), destacou a relevância da participação de Ernando no processo investigativo. “É uma pessoa que tem participação há bastante tempo na Santa Casa. Ele pediu desligamento recentemente, mas tem uma vivência grande e pode contribuir com essa fase de oitivas. Já tivemos grandes avanços desde a criação da CEI. A diretora executiva nos apresentou uma economia de mais de R$ 8 milhões com contratos encerrados, muitos dos quais identificados pelo trabalho da comissão”, afirmou Zaher, pontuando que o valor representa cerca de 30% do déficit anual da instituição.
Durante seu depoimento, Ernando fez questão de reforçar que participou da gestão como conselheiro e não como gestor direto. “Estou aqui como testemunha, para contribuir com a CEI. Digo como foi minha atuação como conselheiro. O conselho tem responsabilidade, sim, mas funciona como um colegiado — nenhuma decisão é tomada de forma isolada por um membro”, explicou.
Ele também alertou que o déficit da Santa Casa não se resume a falhas internas. “Não vejo que todo esse déficit seja apenas de má gestão. Isso também envolve fatores externos, como a defasagem nas tabelas do SUS. A Santa Casa opera com um custo muito acima daquilo que recebe do Estado. Hoje, 95% do atendimento é pelo SUS”, apontou o ex-conselheiro.
O relator da CEI, vereador Vinicius Amoroso (Republicanos), afirmou que a comissão tem percebido uma desconexão entre os conselhos e a administração da Santa Casa. “Fica evidente que os membros do Conselho Administrativo e do Conselho Fiscal não têm percepção clara sobre a gestão. Eles se baseiam totalmente nas informações da diretoria executiva. As decisões deveriam ser colegiadas, mas percebemos concentração de poder e ausência de fiscalização efetiva. Queremos entender: o problema é administrativo? Financeiro? Jurídico? Vamos até o fim”, declarou.
A CEI tem prazo regimental de até 180 dias para concluir os trabalhos, podendo ser prorrogada se necessário. As oitivas seguem sendo realizadas no plenário da Câmara e são transmitidas ao vivo pelos canais oficiais da Casa. A próxima convocação será definida nos próximos dias.