A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na manhã desta terça-feira (03) a Operação Inter Partes, que cumpre 42 mandados judiciais contra membros de uma facção criminosa responsável por extorquir comerciantes na cidade de Jaciara, a 144 km de Cuiabá. A ação ocorre também nos municípios de São Pedro da Cipa e Rondonópolis, onde estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 31 de busca e apreensão.

A operação integra o programa Tolerância Zero, iniciativa do Governo de Mato Grosso voltada ao combate intensivo às organizações criminosas em todo o estado. As investigações são conduzidas pela Delegacia de Polícia de Jaciara, que apura a prática de extorsão mediante ameaça e coação contra empresários da região.

Segundo a Polícia Civil, os comerciantes estavam sendo forçados a pagar valores mensais sob o pretexto de garantir a segurança de seus estabelecimentos — uma cobrança informal conhecida como “Pedágio” ou “Taxa de Tranquilidade”, típica de facções que buscam domínio territorial.

Durante a apuração, os investigadores constataram que os criminosos utilizavam armas de fogo e realizavam videochamadas com lideranças da facção para intimidar as vítimas. Aqueles que se recusavam a pagar sofreram retaliações diretas, como furtos, depredações e ameaças contra a vida.

O delegado José Ramon Leite, responsável pelo inquérito, explicou a complexidade do caso, sobretudo pela resistência das vítimas em formalizar denúncias. “Trata-se de uma investigação sensível. O medo de represália por parte da facção, que também atua com o tráfico de drogas na região, leva muitos comerciantes ao silêncio. Ainda assim, por meio de um trabalho investigativo minucioso, conseguimos identificar os principais envolvidos, suas funções dentro da organização e a estrutura de atuação local”, afirmou.

A Polícia Civil não divulgou os nomes dos alvos, mas confirmou que a operação representa um duro golpe na logística financeira da facção. Os mandados foram expedidos pela Vara Criminal de Jaciara com base em provas robustas colhidas ao longo dos últimos meses.

A operação segue em andamento, e a Polícia reforça que denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo 197.