Um adolescente de 15 anos, morador de Rondonópolis, foi internado após ser identificado como um dos líderes de um grupo criminoso que incitava automutilação, suicídio e outras práticas humilhantes pela internet. Apesar de ter um perfil introspectivo e relatar ser vítima de bullying na escola, o jovem afirmou sentir-se “poderoso” no ambiente virtual. Esta é a terceira vez que ele é alvo de operações policiais pelas mesmas condutas.

Segundo o delegado Gustavo Godoy, da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), o adolescente já havia sido investigado na primeira fase da Operação Mãos de Ferro, deflagrada em agosto de 2024. Na ocasião, ele relatou que sofria rejeição no convívio social e que sua única forma de se sentir no controle era através da atuação digital, sob identidade falsa.

“Na primeira fase ele morava com os avós, que ficaram completamente surpresos. É um menino retraído. Pelo que apuramos, sofria bullying na escola”, afirmou o delegado.

Durante as investigações, a polícia constatou que o adolescente mantinha uma conta bancária em nome de terceiros, usada para vender conteúdos ilícitos, como imagens vazadas de vítimas e material relacionado à pedofilia. Ele ganhava a confiança de meninas adolescentes online, trocava imagens íntimas com elas e depois iniciava extorsões. As vítimas eram coagidas a realizar atos degradantes, como automutilação, ingestão de água do vaso sanitário e até comer papéis com nomes dos membros do grupo criminoso.

A Polícia Civil de Mato Grosso aponta que o grupo atuava há pelo menos um ano e meio, aliciando vítimas em diversos estados. A nova fase da operação resultou no cumprimento de 22 mandados judiciais, entre prisões temporárias, internações e buscas em 12 estados brasileiros, incluindo Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo.

O delegado titular da DRCI, Guilherme Berto Nascimento Fachinelli, destacou a importância da cooperação entre os estados para o enfrentamento ao crime cibernético. “Essa operação representa mais um avanço no combate a crimes digitais, reforçando nosso compromisso com a proteção da infância e juventude e com a responsabilização daqueles que se escondem atrás da aparente impunidade da internet”, afirmou.

As ações da operação Mãos de Ferro estão concentradas em cidades como Manaus (AM), Serra (ES), Sete Lagoas (MG), Sinop e Rondonópolis (MT), entre outras.