Herança de abandono na saúde da gestão Léo Bortolin deixa fila com 40 mil procedimentos em Primavera do Leste
Secretária Laura Leandra revela que pacientes esperavam há mais de dois anos por procedimentos simples; gestão atual aposta em mutirões e parcerias para recuperar o tempo perdido Foto: NMT
A fala da secretária municipal de Saúde de Primavera do Leste, Laura Leandra, caiu como uma bomba no meio político. Ao revelar publicamente que mais de 40 mil procedimentos entre exames e consultas estavam represados quando a atual administração assumiu o comando da cidade, a gestora escancarou o tamanho da crise herdada da gestão do ex-prefeito Léo Bortolin. Segundo ela, havia pacientes aguardando há mais de dois anos por procedimentos simples, como ultrassonografias e até próteses dentárias.
“Já colocamos a fila da saúde pra correr. Nós pegamos a cidade com mais de 40 mil exames represados. Gente esperando há mais de dois anos por exames simples. Por isso criamos o Dia D da Atenção Especializada em Saúde”, declarou Laura.
A criação do Dia D representa uma força-tarefa organizada para tentar reverter o quadro herdado. A medida envolve mutirões, convênios com laboratórios particulares e mobilização intensa das equipes técnicas, com foco na descentralização e agilidade dos atendimentos. De acordo com Laura, apenas nas últimas semanas foram realizados mais de 1.200 exames de ultrassonografia e encaminhadas aproximadamente 1.300 próteses dentárias para entrega à população.
“É trabalho todo dia, trabalho de equipe pra cuidar da nossa gente. Resolver o que ficou parado”, completou a secretária, ao defender o esforço coletivo da gestão para recuperar a credibilidade da rede pública de saúde.
A exposição desses números não apenas revela a gravidade do passivo encontrado pela atual gestão, mas também levanta questionamentos importantes sobre a responsabilidade direta da administração anterior, comandada por Léo Bortolin, diante da saúde pública. A fila de 40 mil exames, em um município com 92.927 habitantes — conforme estimativa do IBGE para 2024 —, é um indicativo de que parte significativa da população passou anos negligenciada pelo sistema.
Segundo dados oficiais de abril, os bairros com maior demanda reprimida incluem Jardim Veneza, São Cristóvão, Central Rural, Primavera III, Butiris e Centro Leste — comunidades que, em alguns casos, acumulam filas desde 2023 e até mesmo de 2022, evidenciando o atraso sistêmico nas consultas e exames especializados.
Agora, com o mutirão em andamento, a expectativa da Secretaria de Saúde é reduzir drasticamente esse número ainda em 2025. Mas o desafio está longe de se encerrar: além de zerar a fila, a nova estrutura precisará se manter eficiente e regular para que os atrasos não voltem a se acumular nos próximos anos.