A Polícia Civil de Mato Grosso revelou novos desdobramentos das investigações sobre o grupo criminoso responsável pelo furto de um terminal de autoatendimento do Banco Bradesco instalado dentro da sede da Prefeitura de Sorriso (a 400 km de Cuiabá). Além desse crime, ocorrido em agosto de 2024, o bando está envolvido em outras sete ações similares em diferentes estados, além da prática de lavagem de dinheiro.

As descobertas fazem parte da Operação Chave Mestra, deflagrada na última quarta-feira (14) pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Sorriso. As diligências revelaram uma estrutura criminosa organizada, com divisão clara de funções entre os integrantes, e um esquema sofisticado de ocultação dos valores furtados.

Dinâmica do crime e lavagem de dinheiro

Logo após furtarem aproximadamente R$ 300 mil do terminal bancário em Sorriso, os criminosos seguiram para Sinop, onde, no dia seguinte, realizaram 39 depósitos em envelopes, distribuídos entre diversas agências bancárias. Os destinatários dos depósitos eram pessoas ligadas ao grupo e residentes na cidade de Mauá (SP) — mesma cidade onde o grupo havia locado o veículo Fiat Argo utilizado na ação. O objetivo era dificultar o rastreamento do dinheiro antes do retorno a São Paulo.

A investigação revelou que o grupo empregava “laranjas” e mecanismos de fracionamento de valores para dificultar a identificação das transações ilícitas, configurando o crime de lavagem de dinheiro.

Estrutura criminosa e funções definidas

O inquérito policial identificou quatro núcleos operacionais no grupo:

• Núcleo de comando e financeiro: responsável por coordenar toda a ação, incluindo o planejamento, financiamento da viagem, compra de ferramentas e aluguel do veículo. Esse núcleo era liderado por um homem com histórico criminal em São Paulo, cuja mãe foi responsável pela locação do carro.

• Núcleo de logística: cuidava do deslocamento dos integrantes, da instalação da TAG veicular para evitar paradas em pedágios e garantir rapidez no trajeto. Embora os membros desse núcleo não tenham vindo a Mato Grosso, sua atuação foi essencial para a execução do plano.

• Núcleo de execução: composto por quatro indivíduos que estiveram em Sorriso para a prática direta do furto, cada um com papel bem definido.

• Núcleo de lavagem de dinheiro: responsável por receber os depósitos e ocultar os valores por meio de contas bancárias de terceiros.

Mandados e medidas cautelares

Para reunir provas e desarticular a quadrilha, a Polícia Civil obteve na Justiça mandados de prisão, busca e apreensão, sequestro de bens e valores, além da quebra de sigilo bancário, telefônico e de dados telemáticos dos envolvidos. As ordens judiciais foram cumpridas no dia 14 de maio, com apoio de delegacias em São Paulo e outras localidades.

Conexão com outros crimes

Durante a investigação do furto em Sorriso, a Polícia Civil de Mato Grosso conseguiu associar o mesmo grupo a sete outros furtos a caixas eletrônicos, cometidos entre 2024 e 2025 nas seguintes cidades:

• Santa Luzia (MG) – julho/2024

• Sorriso (MT) – agosto/2024

• Embu das Artes (SP) – novembro/2024

• Boituva (SP) – janeiro/2025

• Caconde (SP) – janeiro/2025

• Araraquara (SP) – janeiro/2025

• Avaré (SP) – março/2025

Os elementos probatórios reunidos no inquérito da GCCO serão compartilhados com as Polícias Civis de Minas Gerais e São Paulo, mediante autorização judicial, para subsidiar as investigações em cada circunscrição.

A Operação Chave Mestra representa um importante passo no combate a organizações criminosas especializadas em crimes patrimoniais e na repressão à lavagem de dinheiro, crimes que causam grandes prejuízos a instituições públicas e privadas, além de ameaçar a segurança da população.