Caseiro confessa assassinato de advogado Renato Nery; crime foi premeditado e motivado por disputa de terras
lex Queiroz admitiu ter atirado em Renato Nery a mando de um casal envolvido em conflito fundiário. Execução contou com apoio de policial militar e foi meticulosamente planejada. Foto: Reprodução
O crime que tirou a vida do advogado Renato Nery, de 72 anos, no dia 5 de julho de 2024, em frente ao seu escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá, teve mais um capítulo esclarecedor nesta semana. Alex Roberto Queiroz Silva, caseiro do policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, confessou em depoimento à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que foi o autor dos disparos que mataram a vítima.
A confissão de Alex corrobora com as investigações conduzidas pela Polícia Civil, que já indicavam sua participação direta no homicídio. O relato também coincide com o depoimento prestado pelo próprio policial Heron, que permanece preso. Ambos foram indiciados por homicídio qualificado, com agravantes como promessa de recompensa e utilização de recurso que impediu a defesa da vítima.
Além do executor e do intermediário, o casal Julinere Goulart Bastos e César Jorge Sechi também foi preso. Eles são apontados como os mandantes do crime, motivado por uma disputa de terras. As prisões ocorreram no dia 9 de julho, poucos dias após o assassinato.
Execução planejada
De acordo com as investigações, Heron foi o responsável por obter a arma utilizada no crime e entregá-la a Alex. O caseiro, por sua vez, pilotou uma motocicleta Honda Fan até o local da execução. A apuração revelou que ele e o policial monitoraram os passos da vítima durante vários dias.
Inclusive, no dia anterior ao homicídio, 4 de julho, Alex esteve no mesmo local e horário em que o crime viria a acontecer. As autoridades apontam que a intenção era executar Renato Nery naquele dia, mas por motivos ainda desconhecidos, a ação foi adiada.
A motocicleta utilizada no crime foi rastreada por câmeras de segurança ao longo de aproximadamente 30 quilômetros, desde a cena do assassinato até uma chácara no bairro Capão Grande, em Várzea Grande, onde Alex residia. Imagens obtidas no dia 8 de julho mostraram a moto a menos de dois quilômetros da propriedade.
Diante dessas provas, a DHPP intensificou as buscas na região. O delegado responsável pelo caso, Bruno Abreu, relatou que a movimentação policial causou apreensão nos suspeitos, levando-os a tentar ocultar a arma do crime em meio à possibilidade de confronto armado forjado, ocorrido no dia 11 de julho.
Desdobramentos e colaboração
Com a conclusão do inquérito principal, os dois executores seguem presos preventivamente à disposição da Justiça. O processo agora está nas mãos do Ministério Público Estadual, que avaliará a denúncia formal contra os envolvidos.
Quanto ao casal acusado de encomendar o crime, Julinere Bastos manifestou interesse em colaborar com as investigações e deverá prestar depoimento acompanhada de advogado. César Sechi, por sua vez, optou pelo silêncio e nega envolvimento. A conduta de ambos será aprofundada em um inquérito complementar.
O crime
Renato Nery, renomado advogado, foi atingido por tiros na porta de seu escritório. Socorrido com vida, foi encaminhado a um hospital privado, onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Desde então, a DHPP empreendeu uma série de diligências técnicas e periciais que resultaram na elucidação do caso.
O assassinato de Nery, com características de execução, chocou a comunidade jurídica e a população cuiabana. Agora, com a confissão do executor e os indícios de envolvimento direto do policial militar e dos mandantes, a investigação entra em nova fase, voltada à responsabilização penal dos acusados.