VÍDEO: Manifestação de trabalhadores expõe crise do Grupo TMI em Rondonópolis
Polícia foi acionada em canteiro de obras; empresa admite dificuldade financeira e promete entregas, enquanto mercado imobiliário local vive instabilidade Foto: Reprodução
A crise no setor imobiliário de Rondonópolis (MT) ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (13), quando operários da obra do residencial Villa Jardim, do Grupo TMI, realizaram uma manifestação espontânea no canteiro de obras, denunciando atrasos salariais recorrentes, falta de pagamento de FGTS e o que classificaram como “humilhação” vivida por dezenas de pais de família. A Polícia Militar foi chamada por moradores vizinhos após barulho causado pelo uso de fogos de artifício, usados pelos trabalhadores para tentar chamar atenção da empresa.
Em vídeos gravados no local, os operários afirmam que os salários atrasam “todo mês”, que há mais de 10 meses o FGTS não é depositado e acusam a empresa de manter uma “fachada de status” enquanto funcionários sofrem. “A empresa tá vivendo de status, tá aí tudo pai de família sendo humilhado”, desabafou um dos trabalhadores, enquanto outro reforçou: “Está difícil, cara. É complicado”.
Diante do episódio, a Polícia Militar orientou os manifestantes a organizarem formalmente a manifestação por meio de ofício ao comando da PM, com data, local e estimativa de público, para garantir respaldo legal e visibilidade pública. “Essa cópia protocolada manda pra imprensa, que aí vocês vão ter visibilidade. Aí é diferente”, aconselhou um dos policiais presentes.
Nota oficial e promessa de entrega
No mesmo dia, o Grupo TMI publicou uma nota oficial de esclarecimento em suas redes sociais admitindo uma “dificuldade financeira momentânea” e afirmando que, com exceção do Villa Jardim – afetado pela morte de um dos sócios –, todos os empreendimentos seguem dentro do cronograma. Segundo o texto, as unidades do Villa Jardim e do Alta Vista devem ser entregues ainda neste ano.
A empresa responsabilizou a situação à demora na liberação de um financiamento de alto valor, essencial para obras como a do Niraj Towers – anunciado como o edifício mais alto do Centro-Oeste. O grupo também prometeu quitar débitos com prestadores de serviços “o mais breve possível”, reforçando que está comprometido com “lealdade, seriedade e transparência”.
Bolha imobiliária e incertezas
O episódio reforça o cenário de tensão no mercado imobiliário de Rondonópolis, onde diversos sinais de estouro de bolha têm se multiplicado nas últimas semanas. Conforme já noticiado, imóveis foram inflacionados por estratégias de marketing agressivas, com corretores operando em modelos de franquia e vendendo expectativas irreais a clientes desavisados. O cenário resultou em quebra de construtoras, dívidas trabalhistas e obras paradas.
O caso do Villa Jardim, com trabalhadores se mobilizando por salários não pagos e a Polícia sendo acionada, ilustra de forma concreta o colapso de um modelo que apostou mais na especulação do que na sustentabilidade dos empreendimentos. A instabilidade atual também pressiona o setor público e a Justiça do Trabalho, que já registram aumento na judicialização de cobranças contra construtoras da cidade.
Projeção e pressão
A depender dos desdobramentos dos próximos dias, novas manifestações poderão ocorrer em frente ao escritório central da TMI, conforme sugerido pelos próprios trabalhadores. A expectativa é que a empresa apresente um cronograma público para a regularização dos pagamentos e evite novos episódios de desgaste.
Enquanto isso, cresce a cobrança de transparência no setor. Com a confiança do consumidor abalada, o mercado local deve passar por reestruturações forçadas — e, possivelmente, por mais escândalos.
Assista ao vídeo: