• 13 de maio de 2025
#Destaque #Redes #Rondonópolis

CRISE

Funcionários denunciam calote no Villa Jardim, revelam sociedade de Sabriny Maggi e organizam associação para cobrar seus direitos

Manifestação escancara o colapso financeiro; empresária é sobrinha de Blairo Maggi, sócia de dois empreendimentos e alvo de pressão direta por não ter feito aportes prometidos
Foto: Redes sociais

A crise no setor imobiliário de Rondonópolis (MT) ganhou contornos dramáticos nesta terça-feira (13), quando operários da obra do residencial Villa Jardim, do Grupo TMI, paralisaram as atividades em protesto contra atrasos salariais recorrentes, ausência de depósitos de FGTS e o que classificaram como humilhações sistemáticas no ambiente de trabalho. A manifestação espontânea mobilizou dezenas de trabalhadores e chamou atenção da vizinhança, que acionou a Polícia Militar após o uso de fogos de artifício no local.

Nos vídeos gravados durante o ato, os operários desabafaram. “A empresa tá vivendo de status, tá aí tudo pai de família sendo humilhado”, disse um deles. Outro reforçou: “Está difícil, cara. É complicado”.

A mobilização desencadeou um movimento mais amplo: os trabalhadores anunciaram a criação de uma associação para defender seus direitos coletivos, judicializar os casos de inadimplência e dar visibilidade às irregularidades que ocorrem dentro do empreendimento. Durante esse processo de articulação, descobriram, por meio de funcionários do setor administrativo, que a empresária Sabriny Maggi é sócia formal e também avalista do Villa Jardim.

Relações familiares e nova frente de pressão

Sabriny Maggi é conhecida em Rondonópolis por sua atuação no setor privado, mas ganhou projeção nacional ao ser identificada como sobrinha do ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi — uma das figuras mais influentes do agronegócio brasileiro. Pertencente à terceira geração da família Maggi, ela carrega um sobrenome historicamente associado à pujança econômica do estado.

Além do Villa Jardim, ela também é sócia de outro empreendimento da TMI no bairro Jardim Birigui, ampliando sua responsabilidade direta sobre os negócios do grupo. Segundo os trabalhadores, ela ainda não teria realizado os aportes financeiros prometidos, o que tem agravado a instabilidade financeira da empresa.

Pressão direta deve aumentar nos próximos dias. Segundo a associação em formação, os trabalhadores estão se organizando para realizar também um panelaço em frente à residência da família da empresária, caso não haja resposta concreta. A intenção, segundo eles, é “romper o silêncio de quem tem o poder de resolver, mas se esconde da crise”.

PM orienta formalização da manifestação

Durante o protesto, a Polícia Militar orientou os trabalhadores a protocolarem oficialmente a manifestação com data, local e estimativa de público. “Essa cópia protocolada manda pra imprensa, que aí vocês vão ter visibilidade. Aí é diferente”, aconselhou um dos policiais no local.

Grupo TMI admite crise, mas evita nomes

Horas após o protesto, o Grupo TMI divulgou nota oficial reconhecendo “dificuldades financeiras momentâneas”. No comunicado, a empresa garantiu que, com exceção do Villa Jardim — afetado pela morte de um dos sócios — os demais empreendimentos seguem no cronograma. Prometeu ainda entregar o Villa Jardim e o Alta Vista até o fim de 2025, e atribuiu os atrasos à demora na liberação de um financiamento bancário de alto valor.

Sem citar Sabriny Maggi, a nota afirmou que os débitos com prestadores de serviço serão quitados “o mais breve possível”, reiterando compromisso com “lealdade, seriedade e transparência”.

Crise de confiança e cobrança de responsabilidade

O caso do Villa Jardim escancara o colapso de um modelo baseado em ostentação e especulação. Corretores operando por franquia, promessas de rentabilidade infladas e marketing desconectado da realidade levaram à paralisação de obras e frustração generalizada.

A exposição de Sabriny Maggi como sócia de dois empreendimentos e avalista formal intensifica o desgaste institucional da TMI e da própria empresária. O fato de pertencer a uma das famílias mais poderosas de Mato Grosso e, mesmo assim, não ter cumprido os compromissos financeiros com o empreendimento, gerou forte reação entre os trabalhadores.

Associação pode judicializar o caso

Com a formalização da associação em curso, cresce a possibilidade de ações judiciais coletivas e protestos coordenados. Caso os aportes não sejam feitos e os salários não sejam quitados, a manifestação pode migrar para a esfera privada, com protestos diretamente na porta da família Maggi.

A depender dos desdobramentos, o caso do Villa Jardim pode se consolidar como símbolo do colapso de um modelo de negócios que priorizou a imagem e abandonou a responsabilidade — mesmo entre os nomes mais influentes do estado.

Funcionários denunciam calote no Villa Jardim, revelam sociedade de Sabriny Maggi e organizam associação para cobrar seus direitos

Preso homem que tentou matar atual companheiro

Funcionários denunciam calote no Villa Jardim, revelam sociedade de Sabriny Maggi e organizam associação para cobrar seus direitos

Suspeito com mandado de prisão é capturado