• 8 de maio de 2025
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Operação Poço Sem Fundo

Fraude milionária em poços artesianos: Polícia Civil deflagra Operação Poço Sem Fundo e expõe esquema de R$ 22 milhões na Metamat

Auditoria revela contratos fictícios, poços inexistentes e servidores públicos envolvidos em desvio de verbas destinadas a comunidades rurais
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A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), deflagrou nesta quinta-feira (08) a Operação Poço Sem Fundo, uma ofensiva que mira um complexo esquema de corrupção instalado na Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat). A investigação apura fraudes milionárias em contratos públicos para perfuração de poços artesianos, que, segundo auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE), geraram um rombo de ao menos R$ 22 milhões aos cofres públicos.

As fraudes teriam ocorrido entre os anos de 2020 e 2023 e envolveram ao menos seis empresas e 24 pessoas físicas, entre elas 16 servidores e ex-servidores públicos, além de oito empresários. O esquema consistia na simulação ou execução irregular de obras de perfuração de poços em áreas rurais, com desvio de finalidade e má aplicação de recursos públicos.

De acordo com a CGE, foram encontrados casos de poços inexistentes, instalados em locais diferentes dos indicados nos contratos, ou mesmo perfurações em áreas privadas como granjas, garimpos, pastagens e áreas urbanas, contrariando completamente o objetivo social do projeto, que era garantir abastecimento de água para comunidades carentes do interior do estado. Além disso, muitos dos poços efetivamente perfurados estavam inativos, secos ou sem qualquer infraestrutura mínima para captação e armazenamento de água.

A operação cumpre 226 ordens judiciais, incluindo 30 mandados de busca e apreensão, sequestro de 49 imóveis e 79 veículos, bloqueio bancário de contas pessoais e empresariais, prisões temporárias, afastamento de servidores, proibição de contratos com o Estado e recolhimento de passaportes dos investigados. Entre os nomes envolvidos estão figuras conhecidas do cenário político e administrativo do estado, como o ex-deputado estadual e atual diretor-administrativo da Metamat, Wagner Ramos, o diretor-técnico Francisco Holanildo Silva Lima e o ex-presidente da Metamat, Juliano Jorge Boraczynski.

Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso manipulava processos licitatórios, superfaturava contratos e ocultava a má execução dos serviços, contando com a omissão ou participação ativa de servidores públicos que deveriam fiscalizar as obras. Em diversas comunidades, os próprios moradores relataram que nunca tiveram acesso à água, e em alguns casos, improvisaram formas rudimentares para tentar extrair o pouco recurso hídrico disponível.

Além das medidas já em andamento, o Poder Judiciário também proibiu o Estado de nomear ou contratar qualquer um dos investigados para cargos públicos, e determinou a suspensão imediata de quaisquer pagamentos pendentes às empresas envolvidas.

A Operação Poço Sem Fundo representa um duro golpe contra a corrupção institucionalizada e reforça o compromisso das autoridades em coibir o desvio de recursos públicos que deveriam beneficiar a população mais vulnerável. A Polícia Civil e a Controladoria Geral do Estado destacam que as investigações seguem em curso e que novos desdobramentos são esperados.