• 6 de maio de 2025
#Polícia

OPERAÇÃO BLOOD MONEY

Quatro líderes de facções são transferidos para regime disciplinar após operação policial no interior do MT

Decisão judicial ocorre após revelações da Operação Blood Money, que expôs liderança ativa de detentos mesmo atrás das grades
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A Polícia Civil do Mato Grosso anunciou, nesta segunda-feira (5), a transferência de quatro líderes de facções criminosas para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), após desdobramentos da Operação Blood Money, deflagrada em março deste ano nas cidades de Tapurah e Itanhangá. A medida foi autorizada pela 5ª Vara Criminal de Sinop e tem como objetivo desarticular a cadeia de comando de organizações que, mesmo com seus líderes encarcerados, continuavam a ordenar e financiar crimes fora dos presídios.

O RDD é considerado o regime prisional mais severo do sistema penal brasileiro, reservado para casos de presos que representam ameaça à ordem e segurança das instituições carcerárias. No caso dos detentos transferidos, as investigações demonstraram que, mesmo presos, eles continuavam exercendo forte influência sobre as operações da facção criminosa à qual pertencem.

Segundo o delegado Artur Almeida, titular da delegacia de Tapurah, a transferência dos líderes é um golpe estratégico contra o poder das facções. “Essa medida representa um avanço significativo no enfraquecimento da facção. Ao retirar seus principais líderes de circulação e limitar drasticamente sua comunicação, comprometemos diretamente a cadeia de comando”, afirmou.

Desde 2021, Tapurah e Itanhangá enfrentam um aumento alarmante na criminalidade atribuída à atuação dessas organizações. Entre os crimes praticados estão homicídios com extrema violência, inclusive com decapitações e ocultações de cadáveres, além de tráfico de drogas, tortura, assaltos à mão armada e furtos de armas de fogo. A situação levou as forças de segurança a desencadear uma série de operações, das quais a Blood Money foi uma das mais impactantes.

A operação resultou no indiciamento de 43 pessoas, todas ligadas ao financiamento ou participação direta nas atividades da facção. As investigações revelaram que líderes presos na Penitenciária Central do Estado mantinham, por meio de celulares, contato frequente com membros em liberdade, coordenando a venda de entorpecentes, o repasse de ordens de execução e o controle financeiro da organização criminosa.

Com base nas provas obtidas, o delegado representou à Justiça pela aplicação do RDD aos quatro principais articuladores da facção. A medida foi aceita e já está em vigor.

A expectativa das autoridades é que a imposição do regime rigoroso reduza a comunicação interna das facções e contribua para o enfraquecimento das ações criminosas na região norte do Estado. As investigações continuam, e novas medidas podem ser tomadas nos próximos dias.