A manhã desta terça-feira (29) começou com uma série de ações coordenadas da Polícia Civil em três municípios do norte de Mato Grosso. Batizada de Operação Litígios, a ofensiva cumpriu seis ordens judiciais — quatro mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva — relacionadas a um crime brutal ocorrido no ano passado, em Marcelândia: o espancamento e tortura de um idoso de 70 anos, dentro de sua própria casa.

O caso remonta ao dia 27 de maio de 2024, quando dois homens chegaram à propriedade rural da vítima, sob o pretexto de estarem famintos. Assim que o idoso se distraiu, foi surpreendido pelos agressores, que o amarraram com fios elétricos, o agrediram com armas na cabeça e o obrigaram, sob ameaça de morte, a realizar diversas transferências bancárias via Pix. Em estado de choque e ferido, o idoso ainda viu sua motocicleta ser levada pelos criminosos na fuga.

Mas a ação não foi longe. Após denúncia recebida pela Polícia Militar, uma equipe localizou os suspeitos e tentou interceptá-los. Houve confronto armado, e os dois envolvidos foram mortos.

Com os autores diretos mortos, a Polícia Civil passou a investigar as motivações do crime. As investigações avançaram e revelaram um enredo ainda mais perturbador: os mandantes do crime seriam o próprio irmão e o sobrinho da vítima, com quem mantinha disputas por bens familiares. A partir dessa descoberta, foi articulada a Operação Litígios para capturar não apenas os mandantes, mas também os envolvidos na organização e logística do crime.

Na ação desta terça-feira, três pessoas foram presas. Entre elas, os dois alvos dos mandados de prisão preventiva: um homem de 55 anos e outro de 24, acusados de tortura, roubo qualificado e organização criminosa. O mais velho também foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.

Uma terceira prisão ocorreu em Colíder, durante o cumprimento de mandado de busca. No local, policiais encontraram armas, munições e animais silvestres abatidos, como peixes, paca e até um jacaré. O morador, de 34 anos, foi preso em flagrante.

A operação contou com o apoio das Delegacias Regional e Municipal de Guarantã do Norte. Segundo a Polícia Civil, novos desdobramentos não estão descartados, já que as investigações seguem em andamento.