Mauro Mendes e o desafio de 2026: o caminho difícil rumo ao Senado
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O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), enfrenta um dos maiores desafios de sua carreira política ao mirar uma vaga no Senado Federal em 2026. Apesar de sua gestão ser marcada por estabilidade fiscal e obras estruturantes, a corrida ao Senado promete ser dura — e, talvez, ingrata. Isso porque o tabuleiro eleitoral mato-grossense se desenha altamente competitivo, com adversários bem posicionados, em pleno exercício de seus mandatos e com perfis consolidados junto ao eleitorado.
Pela legislação eleitoral, Mendes será obrigado a renunciar ao cargo de governador até abril de 2026, ou seja, oito meses antes da eleição. Isso significa abrir mão da vitrine administrativa e do controle da máquina pública em um momento decisivo. Esse afastamento precoce tende a criar um distanciamento entre o ex-governador e a população, justamente quando a presença e o poder de mobilização mais contam.
Enquanto isso, seus principais adversários estarão a plenos pulmões em seus cargos. O deputado federal José Medeiros (PL) deve representar com força o campo bolsonarista — o mesmo que deu votações expressivas a candidatos da direita em Mato Grosso. Com o apoio de Jair Bolsonaro e trânsito livre com o eleitorado conservador, Medeiros chega com capilaridade e narrativa forte.
Do outro lado do espectro político, o ministro Carlos Fávaro (PSD) surge como o nome da esquerda e do centro moderado, com apoio declarado do presidente Lula e respaldo de parte do setor do agronegócio. Fávaro pode ocupar sozinho esse campo, o que lhe garante um eleitorado consolidado — e fiel.
Ainda no páreo está o senador Jaime Campos (União Brasil), cacique político da Baixada Cuiabana e figura histórica no estado. Caso confirme sua candidatura à reeleição, terá como trunfo a força de seu nome, o apoio de prefeitos e sua influência regional — especialmente em Várzea Grande e adjacências.
Já a deputada estadual Janaína Riva (MDB), a mais votada do estado e com forte presença nas bases populares, pode não liderar nas intenções de voto para a primeira vaga, mas tem tudo para ser a favorita na disputa pela segunda vaga. Seu nome é conhecido, sua comunicação é eficiente e seu sobrenome ainda carrega peso político em diversas regiões.
Neste cenário, Mauro Mendes aparece como um nome forte, porém em desvantagem. Sem mandato, sem máquina, e com um discurso técnico-administrativo que pode não ter o mesmo apelo emocional ou ideológico dos concorrentes, Mendes terá que se reinventar para convencer o eleitor a dar-lhe uma das duas vagas ao Senado.
Em uma eleição que tende a ser polarizada entre Medeiros e Fávaro, com Janaína como favorita a segunda vaga e Jaime Campos como potencial figura de desequilíbrio, Mendes terá que disputar voto por voto — e contra um campo já ocupado. A força de sua gestão, por si só, pode não bastar.
O caminho está longe de ser impossível, mas será árduo. E o tempo fora do cargo, em 2026, poderá ser um obstáculo tão grande quanto seus adversários nas urnas.