No dia 21 de março, o governo federal lançou uma nova linha de crédito consignado voltada aos trabalhadores da iniciativa privada. Em apenas uma semana, 193 mil contratações foram realizadas, totalizando R$ 1,28 bilhão em empréstimos.

Apesar do grande volume de adesão, é fundamental que os cidadãos tomem algumas precauções ao considerar essa opção de crédito. No início da implementação, tanto os bancos quanto os empregadores ainda estão ajustando seus processos para garantir uma operacionalização eficiente e justa para todas as partes envolvidas. Qualquer descuido pode resultar em prejuízos tanto para o trabalhador quanto para as instituições financeiras e empregadores.

O governo tem anunciado que os juros dessa modalidade de crédito devem ficar abaixo de 3% ao mês, devido às garantias oferecidas ao agente financeiro, que incluem parte do FGTS e até 100% dos acertos rescisórios do trabalhador. No entanto, na prática, ainda não se observa esse comportamento nas taxas, pois as instituições financeiras possuem autonomia para definir suas condições. Além disso, apesar da possibilidade de contratação mesmo por trabalhadores com restrições no CPF, cabe aos bancos realizarem suas próprias análises de risco, determinando taxas e prazos caso aprovem o crédito.

Outro fator a ser considerado é o endividamento da população. Segundo a Confederação Nacional do Comércio, 76,1% das famílias brasileiras estão endividadas e 29,1% encontram-se inadimplentes, ou seja, com dívidas em atraso. Para famílias com renda de até três salários mínimos, o endividamento se aproxima de 80%. Esses dados revelam um cenário financeiro delicado e reforçam a necessidade de cautela ao contratar novos empréstimos.

Diante desse contexto, é essencial que o crédito consignado seja utilizado com responsabilidade. Ele deve ser direcionado a necessidades reais e não para o atendimento de desejos supérfluos. Uma estratégia inteligente é utilizar essa modalidade para fazer portabilidade de dívidas mais caras para uma taxa menor e prazos mais longos, reduzindo a pressão sobre o orçamento familiar. Diante das incertezas econômicas do país, tomar decisões financeiras conscientes é essencial para evitar um endividamento ainda maior.

Alexsandro Silva é economista com mais de 15 anos de atuação profissional em consultorias e assessorias, com predominância em acesso à financiamentos empresariais e incentivos fiscais para Mato Grosso.