• 2 de abril de 2025
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Cotonicultura ressurge no Paraná com apoio de produtores e avanços tecnológicos

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Em maio, o produtor José Antonio Borghi iniciará a colheita de sua segunda safra de algodão no município de Santa Cruz de Monte Castelo, no Noroeste do Paraná. A expectativa é atingir 150 toneladas, com produtividade estimada em 200 arrobas de algodão em caroço por hectare.

“Plantei pela primeira vez na safra 2022/23, mas enfrentei desafios operacionais e de mercado. Fiz os ajustes necessários e voltei a investir na cultura. Apesar da falta de chuvas, a lavoura está em boas condições. O algodão é mais resistente às variações climáticas e, na região do Arenito Caiuá, representa uma alternativa viável para diversificar a produção de soja”, explica Borghi.

Borghi integra um grupo de agricultores que busca reativar a cotonicultura no Paraná. Na safra 1991/92, o Estado era o maior produtor de algodão do Brasil, com 709 mil hectares plantados, representando 36% da produção nacional. Entretanto, fatores como a infestação do bicudo-do-algodoeiro, a expansão da soja e dificuldades econômicas na década de 1990 levaram ao declínio da cultura. Agora, avanços tecnológicos e melhorias no manejo têm estimulado um novo ciclo de crescimento.

Desde 2001, a Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar) vem desempenhando um papel fundamental nessa retomada, oferecendo suporte técnico, maquinário para colheita e transporte, além de apoio na comercialização. Borghi, que recebe assistência da entidade, acredita no potencial econômico da cultura. “Há certa resistência entre os produtores, pois o algodão exige mais manejo que a soja, uma cultura já consolidada. No entanto, com a queda nos preços da soja, o algodão se mostra uma opção atrativa”, destaca.

Expansão e potencial de mercado

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada com algodão no Brasil atingiu 1,8 milhão de hectares, um aumento de 12,5% em relação à temporada anterior. Para a safra 2024/25, a previsão é colher 5,4 milhões de toneladas de algodão em caroço, com produtividade média de 200 arrobas por hectare.

Almir Montecelli, presidente da Acopar, destaca que o Paraná possui um mercado interno promissor, especialmente nas regiões Norte e Noroeste. O parque têxtil estadual consome anualmente cerca de 60 mil toneladas de pluma de algodão, a maior parte importada do Cerrado. Para suprir essa demanda internamente, seria necessário ampliar a área cultivada no Estado de 1,5 mil para pelo menos 60 mil hectares, meta que a Acopar pretende atingir nos próximos cinco anos.

“A cotonicultura tem grande potencial de expansão no Paraná, especialmente no Arenito, onde pode alcançar ainda mais produtividade com o uso da irrigação. Hoje, os desafios do passado foram superados: o bicudo está sob controle, as variedades são mais resistentes e a colheita é totalmente mecanizada”, afirma Montecelli.

Vantagens competitivas

Um dos principais atrativos da retomada da cultura no Paraná é o menor custo de produção. No Estado, o investimento por hectare varia entre R$ 12 mil e R$ 14 mil, enquanto em outras regiões pode chegar a R$ 25 mil. A redução no uso de insumos também é um diferencial: enquanto no Cerrado são necessárias mais de 24 aplicações de inseticidas por safra, no Paraná a média é de 11,7. Na adubação, o volume utilizado no Estado é cerca de metade do empregado em outras regiões.

Outro ponto favorável é a comercialização. Como a colheita no Paraná ocorre antes do restante do país, os produtores conseguem abastecer o mercado interno durante a entressafra nacional, aumentando a competitividade do algodão paranaense.

Em termos financeiros, o algodão pode oferecer maior rentabilidade do que a soja. Um produtor associado da Acopar investiu R$ 8,4 mil por hectare na lavoura de soja, colheu 54 sacas e obteve um lucro de R$ 3 mil por hectare. No algodão, o investimento foi de R$ 15 mil, com uma colheita de 248 arrobas e um lucro de R$ 7,6 mil por hectare. Além disso, o algodão favorece a rotação de culturas, ajudando a reduzir pragas e melhorar a absorção de nutrientes pelo solo.

Desafios e perspectivas

Apesar das vantagens, a falta de uma algodoeira no Paraná encarece a produção, pois o beneficiamento ocorre em Martinópolis (SP). Para solucionar essa questão, a Acopar está viabilizando a instalação de uma unidade em Ibiporã, na região Norte, com previsão de funcionamento nos próximos anos.

O setor também busca apoio governamental para reduzir custos e estimular a produção. O programa Irriga Paraná, por exemplo, pode contribuir para aumentar a produtividade por meio de crédito subsidiado e investimentos em pesquisa. Outra estratégia para reduzir custos é a aquisição de maquinários usados de outras regiões, facilitando a entrada de novos produtores na atividade.

Para incentivar a expansão da cultura, um seminário sobre algodão será realizado no dia 8 de abril, durante a ExpoLondrina. O evento contará com palestras de especialistas e debaterá os desafios e oportunidades para a cotonicultura no Estado.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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