UE avalia redução expressiva nas importações de açúcar ucraniano
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A Comissão Europeia está considerando uma redução significativa nas importações de açúcar da Ucrânia, em resposta às reivindicações de produtores da União Europeia (UE) de que o aumento das remessas ucranianas contribuiu para a queda acentuada dos preços no mercado europeu. A informação foi revelada por três fontes à agência Reuters.
A entrada de açúcar ucraniano na UE faz parte de um dilema mais amplo que Bruxelas tem enfrentado nos últimos três anos. Como medida de apoio após a invasão russa de 2022, a UE concedeu livre acesso ao mercado europeu para produtos agrícolas da Ucrânia. No entanto, a pressão de agricultores europeus levou o bloco a reconsiderar essa abertura.
Os produtores da UE argumentam que a entrada de grandes volumes de açúcar ucraniano desestabilizou o setor local, reduzindo os preços e dificultando a comercialização do produto europeu. De acordo com fontes, a intenção de limitar essas importações foi discutida pelo comissário de Agricultura da UE, Christophe Hansen, durante reuniões com líderes de sindicatos agrícolas franceses e representantes do setor, na feira agropecuária de Paris, realizada no fim de fevereiro.
Hansen não especificou o percentual da redução, mas indicou que os volumes ficarão “bem abaixo” dos atuais. Ele também mencionou a possibilidade de revisar outras importações da Ucrânia, incluindo grãos, sem fornecer detalhes. Procurada para comentar, a Comissão Europeia afirmou estar ciente das preocupações dos agricultores e dos Estados-membros, mas não forneceu mais informações. O governo ucraniano também optou por não se manifestar.
Busca por um acordo equilibrado
Durante uma conferência online realizada na última semana, o vice-ministro da Economia da Ucrânia, Taras Kachka, expressou esperança em um acordo justo entre o país e a UE. “A União Europeia compreende que não podemos simplesmente retornar aos termos comerciais de dez anos atrás”, afirmou. “Ainda temos algumas semanas para encontrar uma solução construtiva. A Ucrânia permanece flexível e está disposta a garantir transparência no comércio. Trata-se mais de uma questão política do que comercial”, acrescentou.
Desde que a UE suspendeu tarifas sobre produtos agrícolas ucranianos em 2022, as importações de açúcar do país cresceram expressivamente, passando de 400 mil toneladas na safra 2022/23 para mais de 500 mil toneladas em 2023/24, superando de forma significativa a cota pré-guerra de 20 mil toneladas.
O impacto no mercado foi perceptível: os preços do açúcar europeu recuaram mais de 30% no último ano, segundo dados da UE. Contudo, os contratos futuros de açúcar branco mostraram alguma recuperação nos últimos dois meses, impulsionados por perspectivas de menor oferta global, incluindo a da Índia.
As críticas dos agricultores europeus sobre a concorrência desleal levaram a UE a reintroduzir, em julho de 2023, uma cota de importação de 262.650 toneladas. Após o esgotamento da primeira parte dessa cota, o bloco suspendeu as importações de açúcar ucraniano, redirecionando parte das remessas para outros mercados, como a Turquia, que se tornou o principal destino.
A segunda parte da cota, correspondente a 109.440 toneladas, foi liberada em janeiro deste ano, mas, até o momento, a Ucrânia exportou volumes reduzidos.
Atualmente, a produção anual de açúcar da UE varia entre 14,5 e 17,6 milhões de toneladas, dependendo das condições das safras de beterraba. O consumo anual gira em torno de 14 milhões de toneladas, enquanto as importações representam entre 2 e 3 milhões de toneladas, de acordo com estatísticas do bloco.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio