Banco Central eleva a Selic para 14,25% e sinaliza ajuste mais modesto em maio
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O Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira, aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, elevando-a para 14,25% ao ano. A decisão, tomada de forma unânime pelo Comitê de Política Monetária (Copom), segue o caminho esperado de aperto monetário. Além disso, o Copom sinalizou um ajuste de menor magnitude em sua próxima reunião, prevista para maio, caso o cenário atual seja mantido.
Em seu comunicado, o Copom destacou que a magnitude dos próximos ajustes dependerá do firme compromisso com a meta de convergência da inflação, observando a evolução dos preços, a dinâmica da economia e as expectativas inflacionárias. A taxa de juros alcançada com essa decisão é a mais alta dos últimos oito anos, retornando ao patamar de 14,25%, que não era observado desde 2016, durante uma crise econômica e o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
O BC explicou que o ajuste menor em maio é esperado devido ao contexto adverso para a convergência da inflação, à elevada incerteza econômica e às defasagens naturais do atual ciclo de aperto monetário. O Comitê ressaltou a preocupação com a desancoragem das expectativas inflacionárias, que ainda permanecem elevadas, assim como a resiliência da atividade econômica e as pressões no mercado de trabalho, fatores que exigem uma política monetária mais contracionista.
Embora haja sinais de desaceleração em alguns setores da economia, como serviços e indústria, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem pedido cautela em relação a uma possível tendência de desaceleração, solicitando tempo para confirmar essa tendência.
Em relação à inflação, o Copom não alterou suas projeções de risco, mantendo a avaliação de que há uma assimetria altista para os preços à frente. A expectativa de mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 subiu de 5,50% para 5,66%, e para 2026, as expectativas passaram de 4,22% para 4,48%. No entanto, o BC ajustou ligeiramente suas projeções, reduzindo a previsão de inflação para 2025 de 5,2% para 5,1%, e para o terceiro trimestre de 2026, de 4,0% para 3,9%.
O Copom baseou suas projeções em uma taxa de câmbio de R$ 5,80, inferior aos R$ 6,00 utilizados na reunião de janeiro. A meta para a inflação segue em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A decisão de hoje foi amplamente esperada pelo mercado, conforme levantamento da Reuters, que indicou que todos os 37 economistas consultados previam o aumento de 1 ponto na Selic. No mesmo dia, o Banco Central dos Estados Unidos manteve sua taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, sinalizando uma possível redução de 0,50 ponto até o final do ano, apesar das incertezas econômicas.
Em relação ao ambiente externo, o BC destacou a continuidade de desafios, mencionando a incerteza em torno da política comercial dos EUA, especialmente devido às altas tarifas de importação impostas pelo governo Trump. O Comitê também se mostrou atento ao impacto da política fiscal brasileira na condução da política monetária, com ênfase na sustentabilidade da dívida pública, tema que segue gerando incertezas nos mercados.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio