• 12 de março de 2025
#Saúde

Curso de primeiros socorros em áreas remotas deve ser replicado em aldeias indígenas do país

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As comunidades que vivem na região da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, no norte do Pará, dependem dos rios para se locomover e buscar apoio médico em caso de acidentes, levando de 10 a mais de 24 horas na locomoção por via fluvial. Para lidar com emergências de saúde nesse contexto, a Força Nacional do SUS (FN-SUS), em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), realizaram nos dias 19 e 20 de fevereiro um curso de primeiros socorros em áreas remotas para 64 indígenas de 15 etnias. 

Ao longo dos dois dias, foram realizadas aulas práticas com foco nos primeiros atendimentos para emergências, como ataque por animais peçonhentos, fraturas, cortes, perfurações, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, afogamentos e amputações. Também foi realizada uma dinâmica de simulações, na qual os participantes puderam aplicar seus conhecimentos em cenários construídos pela equipe da Força Nacional do SUS e Sesai. Com indígenas de diferentes etnias, o curso concentrou as atividades em ações práticas, contando com o apoio de dois tradutores. 

O projeto piloto deve ser replicado em outros locais, promovendo a resiliência comunitária frente a emergências. As atividades aconteceram na aldeia Tawanã, durante encontro organizado pela associação Indígena Kaxuyana, Tunayana e Kahyana (AIKATUK) e Conselho Geral do Povo Hexkaryana (CGPH), além do Instituto Iepé. 

Os conhecimentos trocados devem auxiliar as comunidades locais não apenas a salvar vidas no caso de acidentes do dia-a-dia, mas, também, durante expedições para caça e para a demarcação e proteção do território. 

“A gente esperava muito esse curso, porque a gente precisa desse tipo de conhecimento, ainda mais agora que estamos fazendo a demarcação do território. Estou muito agradecido”, afirmou o cacique Kaiwi Wai Wai, da aldeia Tawanã, que recebeu o encontro. 

O comunicador indígena Zenildo Wai Wai afirmou que havia grande expectativa para o treinamento. “Fizemos treinamento e prática. Estamos felizes também porque estamos no processo de demarcação física da Kaxuyana-Tunayana, e se acontecer algo enquanto estamos na floresta, pode ser que a gente caia, aconteça um acidente, picada de cobra, e a gente já adquiriu conhecimento com as pessoas que trabalham com saúde e estamos preparados”. 

“Nosso objetivo era a preparação dessa comunidade, através da resiliência comunitária, ensinar e dar capacidade para responderem às emergências que encontram no dia a dia”, afirma Djair Soares, consultor técnico da força nacional do SUS e ponto focal da missão. “Nossa proposta era ensinar técnicas simples, que salvam vidas, especialmente nesse contexto delicado, onde o acesso é muito mais difícil e é necessário esse conjunto de competências. O cenário de áreas remotas traz um conjunto de desafios que fogem aos primeiros socorros tradicionais, quando estamos inseridos em um ambiente urbano”, frisa. 

E completa: “O socorro não chega tão facilmente com profissionais qualificados, então, promover o conhecimento para controlar uma hemorragia, reconhecer sinais específicos de certas emergências que podem aparecer em uma expedição no meio da floresta, é essencial para essa comunidade”. 

Gustavo Leão, epidemiologista e socorrista na Sesai, além de ponto focal da missão, destacou que “o saldo é extremamente positivo, essa integração entre equipes, secretarias, e Força Nacional do SUS foi grandiosa, tanto na execução como no acolhimento. Os indígenas estão de parabéns por todo o aproveitamento do curso”. Ele ainda afirmou que “este é um projeto piloto que pode se estender a outras regiões do Brasil, dentro de territórios indígenas”. 

O médico indígena Idjarrury Sompré afirmou que a capacitação de comunidades locais é extremamente importante para situações extremas, que precisam de um cuidado mais rápido, assertivo e qualificado. “Como médico indígena atuando em território, tenho visto que há dificuldade muito grande em relação às barreiras geográficas de onde estão essas comunidades, de ter um acesso mais rápido a serviços de urgência e emergência. É muito importante dar essa autonomia e demonstra o compromisso dos nossos gestores em promover a saúde indígena”, afirmou. 

Pedro Sibahi
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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