Uso indiscriminado de defensivos agrícolas ameaça olivicultura e fruticultura no Sul do Brasil
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O uso descontrolado do herbicida 2.4-D, empregado no combate a plantas daninhas em culturas como arroz, café, cana-de-açúcar, milho, soja, trigo, pastagens e fruticultura, tem gerado crescente preocupação entre os produtores. O Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) acompanha o tema desde sua fundação, em 2017, e reforça os alertas sobre os prejuízos ambientais e produtivos associados ao produto.
O presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, destaca que a entidade sempre esteve atenta ao problema e reconhece os esforços de fiscalização da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). No entanto, ele alerta que a situação atingiu um ponto crítico. “Estamos enfrentando sérios impactos na fruticultura, especialmente na Metade Sul do estado, onde monoculturas extensivas têm utilizado esse defensivo de maneira indiscriminada, sem controle adequado. As autoridades se manifestam, mas ainda falta uma ação mais assertiva para enfrentar o problema”, afirma.
Fernandes aponta que os danos são visíveis a olho nu. “Quem trafega pela BR-290 pode notar árvores, especialmente cinamomos, com folhas amareladas e sem frutificação. Além disso, áreas de mata ciliar próximas a cursos d’água apresentam árvores secas, evidenciando os impactos do defensivo na vegetação nativa”, relata.
O presidente do Ibraoliva também alerta para os prejuízos no Bioma Pampa, onde frutas silvestres, como a pitanga, não vingaram neste ano. Além disso, já há relatos confirmados de perdas em culturas como uvas e oliveiras, comprometendo a produção agrícola e causando danos socioeconômicos expressivos.
Desde o ano passado, o Ibraoliva vem articulando medidas para enfrentar a questão. Uma dessas iniciativas foi a elaboração da Carta de Jaguari, documento que reuniu diversas entidades para denunciar os impactos do 2.4-D, culminando na decisão de realização de uma audiência pública. “O tema já está em tramitação na Assembleia Legislativa e, nesta semana, será definida em qual comissão será discutido, sendo nossa preferência a Comissão de Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente”, explica Fernandes.
Além da atuação junto ao parlamento estadual, o Ibraoliva busca dialogar com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e acompanha de perto um processo já em andamento no Ministério Público sobre o caso. “Vamos cobrar ações efetivas para que as soluções sejam implementadas rapidamente, evitando danos ainda maiores à economia e, principalmente, à saúde humana”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio