Proibição do Cultivo de Bananeiras nas Faixas de Domínio de Rodovias Goianas: Riscos à Agricultura e ao Meio Ambiente
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A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) emitiu um alerta sobre os perigos agronômicos e ambientais do cultivo irregular de bananeiras nas faixas de domínio de rodovias em Goiás. Embora essa prática seja comum, especialmente nas proximidades de municípios, ela é proibida por legislações estaduais e federais. Seu impacto pode ser significativo, não só para a produção agrícola, mas também para o meio ambiente e a sustentabilidade da bananicultura.
As faixas de domínio das rodovias são áreas públicas que devem ser preservadas para garantir a segurança viária e a manutenção das infraestruturas rodoviárias, não sendo adequadas para cultivo. O uso indevido dessas áreas coloca em risco tanto a produtividade das lavouras quanto a saúde ambiental.
Riscos Agronômicos e Ambientais
A Agrodefesa explica que a prática de cultivo irregular facilita a propagação de pragas, já que as rodovias são pontos de intenso tráfego de veículos e mercadorias. Esse fluxo pode ser um vetor para a disseminação de pragas agrícolas, podendo infectar novas áreas. Máquinas agrícolas, pneus de veículos e até animais podem transportar material contaminado de locais infestados para outras regiões, ampliando o alcance dessas ameaças. Além disso, o comércio clandestino de mudas, sem certificação sanitária, agrava ainda mais os riscos, sendo essa prática ilegal no estado.
José Ricardo Caixeta Ramos, presidente da Agrodefesa, alerta para a importância de conscientizar a população sobre a gravidade do problema: “A movimentação constante nas rodovias e o comércio de mudas não certificadas são focos críticos de propagação de doenças, que podem impactar toda a cadeia produtiva”, afirmou.
Medidas de Prevenção e Legislação
Em Goiás, a Lei nº 22.419, de 27 de novembro de 2023, reforça a segurança nas faixas de domínio, estabelecendo penalidades para quem infringir a legislação, o que pode configurar crime ambiental. As penalidades incluem multas e outras sanções previstas na Lei nº 9.605, de 1998.
A Agrodefesa também orienta sobre práticas fitossanitárias necessárias para preservar a saúde das lavouras e a sustentabilidade da produção de bananas. O uso de mudas certificadas, a erradicação de focos de doenças, a destruição de restos culturais e a eliminação de pomares abandonados são algumas das medidas recomendadas. “Essas ações são essenciais para garantir a sanidade dos pomares e a continuidade da produção nacional”, afirmou Daniela Rézio, gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa.
Importância da Bananicultura para Goiás
Goiás é um dos maiores produtores de banana do Brasil, responsável por mais de 178 mil toneladas anuais, o que corresponde a 65% da produção da Região Centro-Oeste. Com 985 propriedades cadastradas no Sistema de Defesa Agropecuária de Goiás (Sidago), que somam 8.550 hectares de cultivo, a bananicultura é vital para a economia estadual e para a segurança alimentar nacional.
A Agrodefesa ressalta que a preservação da produção local é essencial, não só para a economia, mas também para evitar riscos que possam comprometer a produção. “É importante que todos se conscientizem da necessidade de proteger nossa produção e garantir a qualidade do cultivo”, afirmou Daniela Rézio.
Ameaças à Produção Nacional
Segundo Juracy Rocha Braga Filho, coordenador do Programa de Banana da Gerência de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, as bananeiras são vulneráveis a diversas pragas, incluindo a Sigatoka Negra, que já está sob controle oficial em Goiás. Essa doença, causada por um fungo, afeta as folhas das bananeiras e compromete a produção de frutos. Juracy alerta que o cultivo irregular pode funcionar como um hospedeiro para essa e outras pragas, facilitando sua propagação.
A Sigatoka Negra pode se espalhar rapidamente, especialmente em regiões com grande concentração de bananais, tornando o controle mais difícil e onerosos para os produtores. Além disso, a Agrodefesa destaca o risco de disseminação do Fusarium oxysporum f. sp. cubense raça 4 tropical, causador da fusariose, uma das doenças mais destrutivas para as bananeiras, que já foi detectada em países vizinhos. O fungo representa uma ameaça grave para a produção de bananas no Brasil.
“Estamos em alerta constante, pois a propagação dessa praga pode comprometer toda a produção nacional, o que exigirá esforços contínuos de monitoramento e controle”, conclui Juracy Rocha Braga Filho.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio