Suprimentos Globais de Milho Alcançam Mínimas de 29 Anos, com Estoques Reduzidos no Mundo
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Os suprimentos globais de milho estão se aproximando de seus níveis mais baixos em 29 anos, uma vez que as estimativas apontam para uma redução significativa nos estoques, especialmente quando se considera o milho acessível ao mercado internacional. Além disso, os estoques globais de milho devem atingir as mínimas de 11 anos no final deste ano, com uma oferta particularmente restrita em algumas das maiores regiões produtoras.
A China, um importador intermitente de grãos, possui uma quantidade extraordinária de milho em estoque, mais de cinco vezes superior ao estoque dos Estados Unidos, o segundo maior detentor mundial de milho. Devido a essa discrepância, muitas vezes a China é excluída das análises globais, a fim de obter uma visão mais precisa dos estoques efetivamente disponíveis no mercado global.
Ao excluir a China, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que os estoques finais globais de milho para 2024-25 estarão em um mínimo de 12 anos, totalizando cerca de 87 milhões de toneladas métricas. Esse cenário se torna ainda mais apertado quando se analisa a relação entre os suprimentos e a demanda. Para o ano 2024-25, os estoques de milho para consumo global, sem a China, representam apenas 7,8%, a menor proporção desde a safra de 1995-96, comparada a uma média de 9,2% nos últimos quatro anos e uma média de 11% ao longo de duas décadas.
A situação é mais delicada em outros grandes exportadores. No Brasil, o segundo maior fornecedor de milho do mundo, os estoques estão previstos para os níveis mais baixos em mais de 20 anos. Da mesma forma, os estoques na Ucrânia e na União Europeia atingem os menores volumes em mais de uma década. Nos Estados Unidos, os estoques também são considerados modestos em comparação com as expectativas anteriores, que indicavam um volume mais alto.
Embora a situação global ainda pareça relativamente confortável ao se incluir os estoques da China, a quantidade total de milho disponível para consumo no mercado global para 2024-25 representa 20,3%, o menor nível desde a safra de 2013-14. Esse valor é inferior à média da última década, que foi de 24,6%, e está abaixo da mínima histórica dentro desse período, de 22,2%. No entanto, quando se observa os anos 2000 e início dos anos 2010, os estoques globais de milho eram notavelmente menores, geralmente abaixo de 15%, o que pode suavizar a percepção da atual escassez.
O Enigma da China
Desde meados dos anos 2000, a China tem sido responsável por uma parte significativa dos estoques globais de milho, representando cerca de 30% do total. Na última década, essa participação aumentou consideravelmente, chegando a superar 60%, e, de acordo com as previsões do USDA, deve alcançar 70% em 2024-25, um recorde de 28 anos.
Em 2008, o governo chinês iniciou um programa de estocagem de milho, pagando aos agricultores acima do preço de mercado para incentivá-los a vender suas colheitas. Embora o programa tenha sido encerrado em 2016, devido ao alto custo para o governo, que enfrentava preços domésticos muito acima dos globais, a China continuou a subsidiar seus produtores, o que resultou em grandes estoques de milho.
Excluir a China das análises globais pode ser polêmico, dado que o país foi, nos últimos cinco anos, o maior importador de milho do mundo. Contudo, suas importações representam apenas cerca de 7% do consumo anual, um valor baixo quando comparado a outros grandes importadores, como Japão, Coreia do Sul e México, que dependem amplamente de importações. Este fato, somado ao imenso volume de estoques da China, justifica a exclusão do país das avaliações globais de suprimentos, embora o status de importador ocasional também deva ser considerado nas análises.
Estoques nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, os estoques de milho, embora menores do que o inicialmente estimado, ainda não são considerados em níveis críticos. De acordo com o USDA, a estimativa para 2024-25 é de 10,2%, abaixo dos 11,8% do ano anterior e da média da última década de 12,5%. Embora tenha havido uma previsão inicial de estoques mais elevados, uma forte demanda e uma safra menor reduziram o volume disponível, impulsionando grandes especuladores a apostar em uma valorização dos futuros de milho na Bolsa de Chicago.
Entretanto, os agricultores norte-americanos estão preparados para aumentar a oferta plantando uma grande área nesta primavera, o que pode garantir uma oferta mais abundante nos próximos meses. Essa potencial expansão da produção nos Estados Unidos oferece uma possibilidade de recuperação dos estoques e contribui para a posição dominante do país no mercado global de exportação de milho, permitindo atender a demandas, como a da China, caso o interesse internacional se intensifique.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio