Mercado de Milho: Estoques Globais em Mínimos Históricos e Atrasos na Safrinha Impulsionam Preços
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Os estoques globais de milho atingiram seu nível mais baixo em uma década, agravando a já delicada situação do mercado, em meio aos atrasos no início da safrinha de 2025 no Brasil. De acordo com o mais recente boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a estimativa de estoques finais foi reduzida em três milhões de toneladas, passando de 293,34 milhões para 290,31 milhões de toneladas.
Essa redução é atribuída à produção menor de milho em diversas origens, com destaque para Brasil e Argentina, que revisaram para baixo suas previsões de safra. O Brasil, por exemplo, perdeu um milhão de toneladas, com sua estimativa de produção caindo para 126 milhões de toneladas, enquanto a Argentina registrou uma redução semelhante, passando para 50 milhões de toneladas.
O fluxo do comércio global de milho também apresentou queda, com exportações menores de países-chave, como Brasil e Ucrânia, além de importações reduzidas pela China, que teve uma retração de três milhões de toneladas. Não obstante, os preços do cereal continuam em alta em todas as principais origens produtoras, uma tendência observada desde o relatório de janeiro do USDA.
No Brasil, o preço do milho no porto de Paranaguá subiu de US$ 225 para US$ 244 por tonelada entre janeiro e fevereiro de 2025, representando um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Argentina também viu o preço do milho subir, de US$ 214 para US$ 232 por tonelada, um avanço de 16% na comparação anual. Na Ucrânia, o preço passou de US$ 218 para US$ 227, com um aumento de 31% em relação a fevereiro de 2024, enquanto nos Estados Unidos o preço subiu de US$ 214 para US$ 226 por tonelada, registrando um aumento de 14%.
Este descompasso entre oferta e demanda tem sido o principal fator que impulsiona a alta dos preços no mercado global. De acordo com analistas da Agrinvest Commodities, o mercado segue cauteloso devido à pressão nos estoques globais e à forte competitividade do milho americano nas exportações.
Em relação às vendas semanais, os dados do USDA revelaram que os Estados Unidos já comprometeram 46,415 milhões de toneladas de milho em exportações, superando a estimativa de 62 milhões de toneladas para toda a temporada, com um volume significativamente maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
O mercado também enfrenta desafios no Brasil, com a colheita de soja atrasada, impactando diretamente o plantio do milho safrinha. O clima e a logística de insumos têm sido obstáculos adicionais. Relatos de produtores indicam que as chuvas retornaram a regiões do Centro-Oeste e do Matopiba, mas os atrasos no plantio da segunda safra de milho são inevitáveis, o que implica em uma colheita mais tardia. Isso pode pressionar ainda mais os estoques no primeiro semestre de 2025, impulsionando os preços do contrato maio/2025 na B3.
Desde o início de 2025 até o fechamento do mercado em 13 de fevereiro, os contratos futuros de milho na B3 registraram aumentos expressivos. O contrato para maio lidera os ganhos, com uma alta de 5,82%, subindo de R$ 72,53 para R$ 76,75 por saca. O contrato para julho subiu 4,29%, de R$ 69,85 para R$ 72,85, enquanto o contrato de setembro teve um aumento de 3,70%, passando de R$ 70,20 para R$ 72,80.
Além do clima, outro fator preocupante é a dificuldade na entrega de insumos. Cristiano Palavro, diretor da Pátria Agronegócios, mencionou que os atrasos nas entregas de fertilizantes têm complicado ainda mais um cenário já desafiador. Ele revisou para baixo sua estimativa de safra, prevendo uma redução de quatro milhões de toneladas no total da produção de milho.
Com esses desafios logísticos e climáticos, o mercado de milho segue sustentado, tanto para o milho disponível quanto para os contratos da safrinha. A questão da logística, principalmente a entrega de insumos, continua sendo uma preocupação para o setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio