• 20 de fevereiro de 2025
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Biocombustíveis e a Produção de Alimentos: A Incompatibilidade das Afirmações Contrárias

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De acordo com Orlando Merluzzi, a produção de biocombustíveis no Brasil não compete com a produção de alimentos. Em uma análise cautelosa, ele destaca que discursos contrários a essa ideia devem ser tratados com reserva, especialmente em um ano de COP no Brasil.

A crescente necessidade de minimizar os impactos das mudanças climáticas não justifica a adoção de soluções superficiais e unidimensionais, afirma Merluzzi. O especialista ressalta que os interesses econômicos e tecnológicos devem ser alinhados com as realidades regionais, mantendo um equilíbrio entre os aspectos alimentar e ambiental.

Com o Brasil se destacando como líder na produção de biocombustíveis e com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o país oferece 50% da sua energia primária a partir de fontes renováveis, índice que sobe para 85% no setor elétrico, conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse cenário coloca o Brasil em uma posição privilegiada, especialmente quando comparado a países desenvolvidos, cujas matrizes energéticas são predominantemente compostas por fontes fósseis e finitas. Esse contexto fortalece a posição do país na produção de biocombustíveis, essencial para enfrentar os desafios globais de descarbonização, enquanto se mantém alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A diversidade de tecnologias sustentáveis disponíveis no Brasil, como biodiesel, biogás, biometano, etanol, HVO (óleos vegetais hidrotratados), hidrogênio verde e o SAF (biocombustível para aviação sustentável), coloca o Brasil como protagonista global na produção de biocombustíveis. Para Merluzzi, o Brasil está em uma posição estratégica para atender às exigências globais de redução de emissões de gases de efeito estufa, com vantagens competitivas tanto socioeconômicas quanto ambientais.

Em relação à competição entre biocombustíveis e alimentos, o especialista reforça que o Brasil tem um território de 851 milhões de hectares, sendo 65% de vegetação nativa. A área agrícola ocupa apenas 9,5% do território, e pastagens, mais de 20%, com cerca de 28 milhões de hectares de pastagens degradadas, que podem ser recuperadas para expandir a agricultura sem afetar a produção de alimentos. Comparado a países como Estados Unidos, França e Alemanha, que alocam maior porcentagem de suas terras para pastagens e agricultura, o Brasil continua com vasta área disponível para aumentar a produção de alimentos e biocombustíveis.

A produtividade agrícola brasileira, impulsionada pela alta tecnologia e clima favorável, permite que o país produza até três safras anuais, o que torna o Brasil uma potência tanto na produção de alimentos quanto de biocombustíveis. Biocombustíveis como biodiesel e SAF, por exemplo, são derivados de matérias-primas renováveis e resíduos agroindustriais que, de outra forma, seriam descartados, contribuindo para a diminuição do passivo ambiental e para a sustentabilidade do processo.

Merluzzi também destaca o biogás como uma importante fonte renovável de energia. Com uma pegada de carbono muito inferior ao gás natural, o biogás, quando purificado, transforma-se em biometano, um combustível que pode reduzir em até 90% a emissão de dióxido de carbono comparado aos combustíveis fósseis, conforme a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).

Por fim, ele enfatiza que a segurança energética e alimentar no Brasil devem ser abordadas com políticas públicas responsáveis e alinhadas, considerando não apenas a produção e distribuição, mas também a educação e o desenvolvimento de competências. O Brasil, com suas políticas de diversificação energética e foco na descarbonização, tem se posicionado corretamente. No entanto, é crucial que os discursos contrários à coexistência de biocombustíveis e produção de alimentos sejam analisados com cautela, especialmente em um ano de grande relevância para as questões climáticas, como é o caso da COP-30.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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