• 3 de fevereiro de 2025
#Esportes

Projeto social torna o Rugby ferramenta de inclusão e dá nova perspectiva para comunidades vulneráveis

Nina. Nome curto de apenas quatro letras, que carrega consigo uma carga enorme de significado e simbolismo. Em Quíchua, língua indígena predominante entre muitos dos povos originários da América Andina, a palavra Nina significa Fogo. Na Itália, Nina é o diminutivo de nomes próprios, como Antonina. Na Espanha, Niña é sinônimo de menina. No Brasil, além de ser um nome comum, ao mesmo tempo delicado e vigoroso, foi o escolhido para batizar um projeto de esporte educacional com foco na equidade de gênero, que utiliza o Rugby como ferramenta de inclusão social, desenvolvimento e empoderamento feminino.

O projeto, desenvolvido por um departamento da Confederação Brasileira de Rugby é transversal e reúne equipe multidisciplinar onde se encontram psicólogos, educadores, assistentes sociais e fisioterapeutas, para acolher meninas no contraturno escolar e assegurar formação esportiva e social a pessoas que vivem em comunidade de alto índice de vulnerabilidade.

Rugby
Meninas de todas as regiões do Brasil fazem parte dos Clubes de Rugby do projeto Nina. Foto: Divulgação.

O projeto Nina, que começou com o trabalho de voluntários, foi aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) e graças a isso, em suas três edições, conseguiu captar recursos que transformaram o voluntariado em atividade profissional remunerada, ampliando e qualificando o alcance das suas metas.

Segundo Leca Jentzsch, coordenadora do Nina, as mulheres compõem 86% da mão de obra do projeto, o que não impede a participação masculina. Mais de 400 meninas são atendidas em 21 clubes esportivos espalhados por seis estados, nas cinco regiões brasileiras. Além do treinamento esportivo e a organização de campeonatos entre os clubes, o projeto oferece cursos de capacitação presenciais e online, realiza lives que ajudam a prevenir a violência contra mulheres, explica os tipos de assédio e como enfrentá-los, produz material didático e ensina como formular projetos que atendam as exigências LIE.

Ela explica que os resultados alcançados nessas três edições são animadores.

“Usamos o esporte para desenvolver as noções de cidadania e ampliar o conhecimento cultural. Nossas reuniões online permitem que estejam lado a lado adolescentes de todos os lugares do país”.
Leca Jantzsch

“Nós temos dentro do Nina meninas que nunca tinham viajado, que não conheciam o mar mesmo morando a 200km do litoral; meninas que nunca tinham saído do interior para conhecer a capital do seu estado. E esse intercâmbio cultural é fundamental para a compreensão da identidade regional e do que precisa ser melhorado nas diferentes realidades que temos no país. Deixamos muito evidente a importância do estudo e do plano de transição da carreira”, diz a coordenadora.

Ao chamar atenção para esse aspecto, Leca Jantzsch joga luz sobre uma etapa crucial para a vida do atleta: O que fazer depois de concluída a carreira esportiva? Por isso, o projeto investe na educação para ajudar as meninas a planejarem a etapa que vem depois de esgotado o tempo como esportista.

Realidade diagnosticada

Entre os desafios dos profissionais integrados ao projeto Nina a coleta e interpretação de dados é um dos mais estratégicos. Eles apontam as necessidades básicas de cada região onde atuam e permitem a elaboração de diagnósticos muito consistentes sobre como vivem as pessoas nessas áreas.  Hoje, por exemplo, 47 % das beneficiárias do projeto vivem na faixa de pobreza. 2% encontram-se em situação de extrema pobreza. 30 % são atendidas por benefícios sociais, 28% recebem o bolsa família, 100% estão matriculadas em escolas públicas, 4% com a documentação incompleta.

Com esses dados em mãos, a equipe do Projeto Nina atua para reduzir os problemas e age para que essas meninas e suas famílias se tornem visíveis e socialmente incluídas.“Nossa assistência social faz contato, mapeia o que há em volta do clube – CRAS, Posto médico – e atua no sentido de orientar sobre as soluções possíveis para transformar aquela realidade”, informa a coordenadora.

Tornar o Rúgbi popular

As pessoas tendem a pensar que o Rugby, modalidade esportiva ainda pouco difundida no Brasil, é um esporte viril, violento, mas isso não é real. Por isso, o trabalho do Projeto Nina é intenso. Antes de ensinar as regras do Jogo, as meninas recebem noções de valores como disciplina, respeito, integridade, paixão e solidariedade.

A diversidade é uma das principais metas do Projeto Nina. Foto Divulgação.
A diversidade é uma das principais metas do Projeto Nina. Foto Divulgação.

“Nós acrescentamos mais quatro valores básicos: a Sororidade, a Equidade, a Irmandade e a Diversidade. Partindo desse princípio, acreditamos que a progressão do esporte é natural como qualquer outra modalidade. Quando a gente conhece as regras as dúvidas desaparecem, fica mais fácil assimilar do jogo e a torcida por ele passa a ser natural. Todas essas etapas que envolvem o entendimento da modalidade são trabalhadas antes de chegar ao campo. E os resultados são significativos. Temos relatos de meninas que superam traumas, que foram vítimas de abusos e que recuperam a autoestima e se sentem mais seguras hoje”, argumenta Leca.

Apoio essencial da LIE

Para Isânia Cruvinel, diretora de Programas e Políticas de Incentivo ao Esporte do MEsp, “a modalidade desponta no Brasil como um esporte inovador que atua com uma geração competitiva e um público muito interessado em acompanhar os torneios. E a Confederação Brasileira de Rugby se dedica em preparar as seleções, nacionais e internacionais com muita precisão para alcançar seus objetivos. Parte significativa do sucesso dessa inciativa decorre do apoio dado pelo Ministério do Esporte através da Lei de Incentivo ao Esporte”.

No ambiente esportivo de alto rendimento, alguns dos principais atletas das seleções nacionais de Rugby, tanto no masculino quanto no feminino são beneficiários do Programa Bolsa Atleta, do Governo Federal. São esportistas que brilham em times nacionais e internacionais.  As seleções estaduais são compostas em sua maioria por atletas que passaram por projetos sociais. Por isso, os coordenadores dessas iniciativas classificam a existência da Lei de Incentivo ao Esporte como uma ferramenta vital para esse tipo de projeto.

“A Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) é um mecanismo estratégico para a expansão de Projetos como o “Nina Rugby”, e para o “Vem pro Rugby”. Ela viabiliza a criação de programas de capacitação para treinadoras e gestoras, além do aumento do número de meninas e mulheres impactadas. Ao garantir o financiamento para iniciativas que promovem a participação feminina no Rúgbi, a LIE contribui para a redução das desigualdades estruturais no esporte e fortalece a formação de lideranças femininas em áreas como gestão esportiva e comissões técnicas. Além disso, possibilita um planejamento de longo prazo. Resumindo, nos permite investir e desenvolver a mulher dentro do uniforme” conclui Leca Jentzsch.

Assessoria de Imprensa – Ministério do Esporte 

Fonte: Ministério do Esporte

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