Nova gestão Trump impacta mercados e influencia cenário do açúcar
A recente posse de Donald Trump para seu segundo mandato trouxe uma mudança significativa na postura dos Estados Unidos em relação às tarifas comerciais, provocando impactos diretos na geopolítica e nos mercados globais. Entre os reflexos, destacou-se a desvalorização do índice do dólar (DXY), que caiu 1,7% ao longo da semana, fechando em 107,4 pontos. O enfraquecimento da moeda americana favoreceu o fortalecimento de divisas emergentes, como o real brasileiro, que também foi impulsionado pela entrada de capital estrangeiro e pelas novas prioridades econômicas de 2025 apresentadas pelo governo federal.
Real valorizado sustenta recuperação nos preços do açúcar
A valorização do real influenciou diretamente o mercado de açúcar. Na última semana, o produto registrou inicialmente uma forte queda, alcançando a mínima de cinco meses, 17,51 centavos por libra-peso, impactado pelo dólar mais forte e pela notícia de que a Índia autorizou a exportação de 1 milhão de toneladas de açúcar na safra 2024/25. Contudo, fatores técnicos e o fortalecimento da moeda brasileira ajudaram os preços a se recuperarem, fechando a semana em 19 centavos por libra-peso.
Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, explicou que o Índice de Força Relativa (RSI) apontava condições de sobrevenda no mercado, desencadeando uma onda de compras. Além disso, a expectativa de aumento na taxa de juros brasileira para 13,25%, diante de uma inflação acima do esperado, reforçou a valorização do real, tornando as vendas menos atrativas para produtores e exportadores.
Demanda global e equilíbrio de oferta
Os fluxos comerciais do primeiro trimestre de 2025 demonstram um equilíbrio, com a proximidade do Ramadã impulsionando a demanda e a oferta brasileira limitada até o início da safra 2025/26 sustentando os preços. Segundo Coda, a paridade de importação da China, em torno de 16,8 centavos por libra-peso, e os estoques reduzidos no Brasil justificam os preços atuais. Já a Índia, apesar de permitir exportações, apresenta preços internos que tornam as vendas externas menos competitivas, o que limita o impacto no mercado de açúcar bruto.
Perspectivas para o mercado de açúcar
Embora fatores pontuais sustentem os preços no curto prazo, o mercado de açúcar segue com uma tendência baixista no médio e longo prazo. O clima favorável durante o desenvolvimento da safra brasileira 2025/26, combinado com a maior alocação de cana para a produção de açúcar, deve gerar um excedente de oferta global. “Esse cenário limita novos ganhos, mantendo os preços pressionados”, conclui Lívea.
Além disso, o impacto de possíveis tensões comerciais entre os EUA e outros países sobre o mercado de açúcar deve ser limitado, dado o pequeno volume de importações americanas no contexto global. Já no Brasil, o mercado de energia, incluindo o etanol, deve permanecer estável devido à ausência de pressões externas e à política interna de preços.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio