Queda nas Exportações Francesas de Trigo: Safra Ruim, Disputa Geopolítica e Concorrência com a Rússia
As exportações de trigo da França estão enfrentando sua pior fase em décadas, refletindo uma série de fatores adversos. A combinação de uma safra abaixo do esperado, uma diminuição na demanda de grandes compradores como a China e a Argélia, além da crescente concorrência com a Rússia, está resultando em uma perda significativa de participação no mercado global. A situação é agravada por uma queda no preço dos grãos, em um cenário de forte oferta internacional.
Impactos no Setor e na Economia Francesa
Este cenário tem sido mais um golpe para os agricultores franceses, que já enfrentam uma pressão crescente devido à queda na renda e à intensa competição internacional. Com uma menor quantidade de trigo sendo vendida, os produtores não conseguem elevar os preços, já que a abundância de colheitas em outras regiões do mundo mantém os mercados de exportação bem abastecidos. De acordo com o escritório nacional de estatísticas, a redução das exportações pode resultar em uma perda de 0,2 ponto percentual no crescimento econômico da França.
Previsões de Exportação em Baixa
A FranceAgriMer, agência agrícola francesa, manteve sua previsão de exportação de trigo mole para fora da União Europeia para a temporada 2024/25 em 3,5 milhões de toneladas métricas. Esse número representa uma queda de dois terços em relação à temporada anterior e é o menor volume registrado no século. No entanto, com a primeira metade da temporada apresentando exportações abaixo do esperado, alguns analistas consideram improvável que o total chegue a 3 milhões de toneladas.
Concorrência Aumentada e Tensões Diplomáticas
A queda na produção de trigo foi exacerbada pelas chuvas que afetaram a safra, resultando na menor colheita de trigo mole na França desde a década de 1980. Além disso, a qualidade mista das colheitas dificultou o acesso aos mercados internacionais. A competição com outros produtores europeus, especialmente a Rússia, e a diminuição da demanda de mercados-chave como a Argélia e a China, têm tornado a situação ainda mais desafiadora para a França. A Rússia continua a expandir suas exportações de trigo, apesar das sanções internacionais em decorrência da invasão da Ucrânia.
Diminuição das Exportações para a Argélia e a China
Após anos enviando grandes volumes de trigo para a Argélia e a China, a França tem enfrentado dificuldades para manter suas exportações para esses países. Até o momento, a França enviou apenas uma remessa de trigo para a Argélia e nenhuma para a China na temporada 2024/25. No Marrocos, outro mercado importante, as vendas caíram mais de 50%.
Mudanças no Cenário de Mercado e Novas Estratégias de Exportação
As tensões diplomáticas entre a França e a Argélia, alimentadas pela posição de Paris sobre a soberania do Marrocos sobre o Saara Ocidental, levaram a Argélia a excluir implicitamente as empresas francesas de suas licitações de importação de trigo. Enquanto isso, o mercado marroquino pode passar a importar mais trigo russo do que francês, devido à insuficiência de oferta da França para atender à demanda local. A França agora se vê em uma posição de fornecedora secundária no mercado global de trigo e precisará buscar novos destinos para sustentar suas exportações. Nesse sentido, grupos como a InVivo e a Senalia têm procurado diversificar os pontos de exportação, com foco em mercados do Oriente Médio, onde há espaço para promover os grãos franceses ao lado de outras origens.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio