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PF revela que lobista teria “dado golpe” em ex-secretário e temia vingança

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A decisão judicial que resultou na prisão do ex-secretário de Estado de Ciências e Tecnologia e Inovação de Mato Grosso (Seciteci), Nilton Borgatto (PSD), durante a deflagração da Operação Descobrimento, nesta terça-feira (19), aponta que ele teria levado um golpe do lobista e empresário Rowles Magalhães Pereira da Silva. O episódio é narrado pela Polícia Federal no pedido de prisão preventiva feito pela instituição junto à Justiça Federal.

Na decisão do juiz federal Fábio Roque da Silva Araujo, da Segunda Vara Criminal da Seção Judiciária da Bahia, a Polícia Federal aponta que Rowles havia marcado um encontro com Borgatto, a quem chamava de “Índio”, em um posto de gasolina próximo ao Hotel Paiaguás, em Cuiabá. O ex-lobista temia pela sua segurança, pois, após um golpe aplicado por ele no pagamento do vôo que transportaria as drogas, os dois brigaram.

O encontro foi realizado no dia 14 de janeiro de 2021, data próxima ao da chegada do avião que transportaria a droga do Brasil para a Europa, no dia 27 de janeiro daquele ano. Rowles chegou a comentar com seu sócio na empresa Aristopreference, Ricardo Agostinho, que se encontraria com o ex-secretário e que se não falasse mais com ele, saberia onde o procurar, dando a entender que temia pela própria segurança.

“O primeiro fato que chama atenção desse encontro é que o Rowles estava preocupado com a sua segurança, uma vez que após informar o local do encontro afirma: “Se eu não falar c vc já sabe onde procurar kkk”. Conforme demonstrado nos itens anteriores, Rowles era amigo de Índio (Nilton), mas após o golpe decorrente do pagamento do voo para transportar drogas, Rowles acabou brigando com o Índio conforme já descrito no item 4.7 do Relatório de Análise de Polícia Judiciária – nº 001/2021- GISE/DRE/DRCOR/SR/BA (já juntado nesta medida cautelar, ID 785006997)”, diz a decisão.

O relatório da Polícia Federal aponta ainda que após a reunião, Rowles pediu que Ricardo não atendesse os telefonemas de Borgatto e, de fato, o ex-secretário procurou o sócio do ex-lobista por duas vezes, não sendo atendido em nenhuma das tentativas. Por fim, o ex-titular da Seciteci mandou uma mensagem para Ricardo pedindo que ligasse para ele no dia seguinte. Em sua decisão, o magistrado apontou ainda que o ex-secretário tinha um papel de destaque na organização criminosa.

“Nilton Borgato, supostamente, faz parte do núcleo investigado responsável pela aquisição da droga junto ao fornecedor, e introdução da mercadoria no continente europeu. A Representação Policial trouxe, ainda, as seguintes informações que só vem atestar que Nilton Borgatto não só é membro da Organização Criminosa, envolvida no tráfico internacional de entorpecentes, como também possui um papel de destaque”, aponta a decisão.

OPERAÇÃO DESCOBRIMENTO

Borgatto é um dos alvos da Operação Descobrimento, deflagrada nesta terça-feira (19) para desbaratar um esquema de envio de drogas de Mato Grosso para Portugal e foi preso nesta manhã, em um apartamento em Cuiabá. No local, a Polícia Federal apreendeu pedras de diamante e em sua residência em Glória D’Oeste, foram apreendidos dois veículos de luxo.

Borgatto foi titular da Seciteci entre 2019 e março deste ano. Deixou a pasta para ser candidato a deputado federal nas eleições de outubro. O ex-secretário foi prefeito de Glória D’Oeste, cidade que está localizada na faixa de fronteira com a Bolívia.

Ao todo, a Operação Descobrimento cumpre 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. Em Portugal, com o acompanhamento de policiais federais, a polícia portuguesa cumpre três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nas cidades do Porto e Braga.

As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador (BA) para abastecimento. Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave. A droga era transportada no avião de uma empresa privada ligada ao lobista Rowles Magalhães Pereira da Silva, que ficou conhecido por denunciar um esquema de propinas nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

A partir da apreensão feita em Salvador, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).

A operação também resultou na prisão do ex-lobista do VLT, que foi detido em São Paulo. Na casa do empresário, em Cuiabá, a Polícia Federal apreendeu cédulas de dólar, euro, além de itens de luxo como bolsas e acessórios de marcas famosas, como Valentino, Prada, Louis Vuitton, Yves Saint Laurent e Chanel, além de relógios Rolex.

Fonte: Folha Max

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