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Médica pede perdão e nega consumo de álcool: “é uma fração de segundos”

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Em depoimento realizado no início da noite desta quarta-feira (23) durante audiência de instrução, a médica Leticia Bortolini, acusada de atropelar e matar o verdureiro Francisco Lúcio Maia, em abril de 2018, pediu perdão aos familiares da vítima. Ela relatou, pela primeira vez, tudo que aconteceu no dia do acidente e afirmou que não ingeriu nenhuma bebida alcóolica no evento em que estava pouco antes do atropelamento.

Letícia foi ouvida pelo juiz Flávio Miraglia, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá. A médica relatou que naquele dia, trabalhou até as 13h, em seu consultório.

Na sequência, ela encontrou com seu marido na casa do sogro e confidenciou que não queria ir para o evento “Braseiro”. Ela disse que tentou convencer o esposo a não ir, mas que ele estava muito animado, por gostar de cervejas e carnes diferentes e que, se ela não fosse, ele iria sozinho.

Foi quando ela decidiu que iria. “Gostaria de pedir perdão para a família do seu Francisco. Eu sinto muito por estar naquele carro no momento do acidente. Em momento algum fugi do local do acidente. Não sai de casa para atropelar uma pessoa e não sou uma pessoa insensível. A dor que elas sentem é irreparável e vou levar isso por toda a vida, pois era eu que estava naquele volante. Minha vida nunca mais foi a mesma. Oro pela alma dele todas as noites. Sinto muito e peço perdão, mas não sou esse monstro. Não sou essa pessoa desumana, essa médica que deixa de prestar socorro”, afirmou.

A médica detalhou o momento do acidente e disse que demorou um pouco para sair do evento, pois havia um pequeno engarrafamento na saída do estacionamento. “Eu estava dirigindo na pista da esquerda da Miguel Sutil. Estava escuro e era uma curva. A única coisa que ouvi foi um barulho, parecendo um som metálico. Quando olhei pro lado, só vi o retrovisor pendurado por um fio e caindo. Não tive mais visão de nada daquele lado e não percebi que havia acontecido um atropelamento. Só reparei no som que ouvi. Meu pensamento era apenas o de ir para casa, pois meu marido estava dormindo ao meu lado, pois quando ele bebe, ele dorme. Decidi não acordar ele pelo fato dele já estar alterado pela bebida e segui para a casa do meu sogro. Imaginei que alguém pudesse ter atirado algo no carro”, relatou.

No depoimento, Letícia afirmou que passava pelo local onde ocorreu o acidente com frequência para ir até a Univag, onde dava aula, e para ir ao aeroporto, pois fazia uma pós-graduação onde viajava uma vez por mês. Ela disse que nunca viu pedestres naquela região e que não havia faixa por ali.

A médica relatou ainda que estava com a atenção voltada para a frente do carro. “Em nenhum momento, nem no pior pesadelo da minha vida, imaginei que teria alguma pessoa envolvida naquele acidente. Não tem como eu ter sido indiferente porque eu não vi. É uma fração de segundos, tudo muito rápido, e você tem que tomar uma decisão ali entre parar ou seguir. Não tem como eu pensar em fugir, sem eu sequer saber o que tinha acontecido. Para mim, era apenas um retrovisor quebrado. Se eu tivesse visto que tinha uma pessoa envolvida, tinha parado. Sou médica e poderia ter ajudado. Atuei 10 anos em UTI. Se soubesse que era algo mais grave, teria tido a reação de frear”, esclareceu.

Após a audiência, o processo entra na reta final. Agora, o MPE e a defesa terão cinco dias cada para apresentar alegações finais.

Em seguida, o processo será encaminhado ao magistrado para sentença.

Fonte: Folha Max

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