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Filha afirma que Flordelis tinha boa relação com pastor e disse desconhecer plano para assassiná-lo

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Os deputados do Conselho de Ética e de Decoro Parlamentar da Câmara ouviram nesta quinta-feira (6) o depoimento de Érika Dias, filha adotiva da deputada Flordelis (PSD-RJ). Érika Dias foi convidada a depor como testemunha de defesa da mãe, que é acusada de ser a mandante do assassinato o marido, o pastor Anderson Carmo, morto a tiros em junho de 2019, em Niterói. A deputada nega as acusações.

Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
Reunião de oitivas. Testemunha, Érika Dias
Érika Dias, filha adotiva de Flordelis, durante depoimento ao Conselho de Ética

Érika Dias afirmou que sua mãe tinha uma boa relação com o pastor Anderson e disse não ter conhecimento sobre o plano de assassiná-lo ou denúncias de abuso de suas irmãs. Ela negou que tenham ocorrido desavenças ou tratamento diferenciado entre os irmãos. Érika Dias também se queixou das ações policiais e do tratamento da mídia e das redes sociais em relação ao caso.

Sem violência
Segundo o depoimento de Érika Dias, Flordelis sempre teve uma boa relação com o pastor Anderson Carmo. “Meus pais sempre se amaram. Nunca presenciei nenhum tipo de violência ou desrespeito. Meu pai sempre amou minha mãe, e minha mãe sempre amou meu pai. Nunca vi briga dos meus pais chegar às vias de fato. Foram discussões de casal”, declarou.

A filha também afirmou que a deputada é uma pessoa muito humilde. “Nunca foi de ter luxos. Quem comprava as roupas para minha mãe era meu pai. Ela nunca foi de gastar além da conta”, relatou.

Érika Dias afirmou que sua relação com Flordelis ficou mais próximas depois da prisão de seus irmãos. Seis filhos e uma neta da deputada foram presos por acusação de participar no assassinato. “Eu era uma filha um pouco distante por trabalhar muito, e estudar todo fim de semana”, comentou. Érika Dias trabalha como recepcionista e estuda advocacia. Ela continua morando com Flordelis e ajuda a cuidar da casa. “Minha mãe não se vê em condições de administrar a casa por causa da rotina de ir para Brasília”, explicou.

Estudos e comida
Em depoimento anterior no Conselho de Ética, outra filha adotiva da deputada, Roberta dos Santos, disse que existia diferença de tratamento entre os filhos adotivos e biológicos do casal, incluindo na alimentação. No entanto, Érika Dias negou essa versão. “Eu nunca sofri nenhuma discriminação por ser filha adotiva. Não tinha tratamento diferenciado entre os irmãos”, depôs. “Nunca teve divisão na comida. Se eu comia carne, todo mundo comia carne.” Segundo ela, Flordelis sempre incentivou os estudos. “Sempre me perguntou como estava na faculdade”, comentou.

Érika Dias disse não ter tido conhecimento sobre um plano de seus irmãos para matar o pastor Anderson. “Acredito que não existe essa possibilidade”, declarou. Ela também afirmou desconhecer uma tentativa anterior de envenenamento. “Ele tinha problema estomacal e chegou a emagrecer muito. Não gostava de ir ao médico”, disse.

A depoente insinuou que os irmãos que depuseram contra sua mãe estão trabalhando na Prefeitura de São Gonçalo por indicação do filho adotivo da deputada, Misael, que era vereador no município. “Acho uma ingratidão. Na minha opinião como civil, já condenaram ela.” Misael acusou a mãe de ser a mentora intelectual do crime.

Érika Dias também afirmou que já trabalhou como secretária da igreja de Flordelis e do pastor Anderson. Ela declarou que todas as doações e ofertas da igreja iam direto para conta bancária e não eram guardadas em um cofre. Ainda segundo Érika, o pastor Anderson não andava com uma mochila com dinheiro da igreja. Em uma das versões sobre o crime, esse dinheiro teria sido roubado para pagar pelo assassinato do pastor.

Policial e blogueiro
Érika Dias negou que tenha havido tentativa dos irmãos de esconder celulares. “Todos os celulares solicitados foram recolhidos e entregues desbloqueados, inclusive o meu”, relatou. A depoente também denunciou as ações da polícia em sua casa por apreenderem aparelhos sem mandado. “Teve um policial que quase me prendeu por desacato. Um dos policiais meteu a mão dentro da minha mochila e pegou meu tablet bem na semana de prova na faculdade. Não apresentou mandado. Eu me senti muito desrespeitada como cidadã, como pessoa. Arrombaram a porta. Parecia casa de bandido. Pago meus impostos, quero ser tratada com respeito”, afirmou.

A testemunha também lamentou o tratamento da mídia e relatou que um blogueiro chegou a entrar em sua casa sem se identificar. Segundo Érika Dias, ele tirou fotos, interrogou as crianças e entrou no quarto de Flordelis. “Eles fazem acusações, querem publicar matérias tendenciosas. Estão ganhando seguidores às custas da minha família e às custas do caso”, denunciou.

Flordelis acompanhou o depoimento da filha pelo sistema eletrônico do Conselho de Ética, mas não quis fazer perguntas.

Depoimento
Adriano dos Santos Rodrigues, um dos filhos biológicos de Flordelis, recusou o convite para depor como testemunha de defesa da deputada no processo do Conselho de Ética. Ele se encontra preso sob a acusação de participar do assassinato. Segundo os advogados de Flordelis, ele está passando por uma depressão que impossibilitou seu depoimento.

A defesa da deputada queria substituir a testemunha por outro depoente. No entanto, o relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), finalizou as oitivas por causa do prazo do processo. Flordelis deverá prestar depoimento no Conselho de Ética até 13 de maio.

Reportagem – Francisco Brandão
Edição – Roberto Seabra

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