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Falar de suicídio é também falar da vida

| Por Antônio Lima

Recentemente o suicídio de uma jovem de dezessete anos chamada Yasmin Gabrielle tem causado comoção nas redes sociais pelo fato de ter cometido suicídio no último domingo dia 21/04/2019. Yasmim quando criança era assistente mirim do programa Raul Gil e segundo alguns sites relatam que a família expressou que há alguns anos Yasmin lutava contra a depressão.

Esta jovem infelizmente torna-se mais uma estatística dentro do suicídio. Segundo a (OPAS) Organização Pan-Americana da Saúde cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, correspondendo a uma morte a cada 40 segundos.  A pesquisa ainda revela que entre a faixa etária dos 15 e 29 anos o suicídio é a principal casa de mortes entre jovens. Os números são assustadores e o caso desta jovem Yasmin só trás à tona o quanto o suicídio está presente todos os dias entre a sociedade e passa-se despercebido tomando apenas notoriedade quando a vítima é alguém publicamente conhecida.

O suicídio de acordo com a Organização Mundial de Saúde é o ato deliberado, intencional, de causar a morte a si mesmo. Ao contrário que muitas pessoas pensam o suicídio não é um ato aleatório, ele é sempre realizado com um propósito. Muita das vezes o suicídio é a única saída encontrada para os problemas, crises e situações que muita das vezes “sem saída” sendo assim o suicídio é a última saída para o indivíduo.

Ainda segundo OPAS a escolha do método de suicídio nem sempre é algo aleatório e acaba sendo influenciada pelos fatores sociais, ambientas, culturais, psicológicos e físicos.  De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) em um manual de prevenção ao suicídio pulicado na cidade de Genebra no ano de 2000 afirma que os métodos de suicídio variam entre países. Mas que em comum na grande parte das vezes o uso de pesticidas é um método comum de suicídio, contudo, em outros o uso de armas, intoxicação por medicamentos e enforcamento são os mais frequentes.

Ainda de acordo com a OMS os óbitos por suicídio entre homens são em torno de três vezes maiores entre homens do que mulheres, pois, os mesmos utilizam de métodos mais letais e violentos. Já as tentativas de suicídio entre mulheres são em média três vezes maiores e frequentes que em homens.

Na maioria das vezes pessoas que tem pensamentos suicidas ou que praticaram tal ato apresentam sinais de alertas observáveis antes da efetividade da ação. Estes sinais podem ser divididos entre comportamentais e verbais.

Os sinais comportamentais podem ser pode exemplo decidir fazer um testamento, dar ou devolver seus bens, sem nenhuma explicação aparente e autolesão que é quando a pessoa se corta em determinadas partes do corpo. Já os sinais verbais são bem comuns e muita das vezes aparecem como: “Eu não aguento mais”, “Eu sou um fardo”, “Eu não estarei aqui no próximo ano”, “Eu preferia estar morto” entre outras expressões verbais. Não podemos deixar de destacar que as redes sociais ultimamente tem sido utilizadas para também como sinais de que algo não vai bem como publicações e fotos publicadas e que muita das vezes passam despercebidas.

Existe dois principais fatores de riscos que precisamos ficar atentos para que possamos reduzir os riscos de suicídio: O primeiro são pessoas que  tentaram algum suicídio alguma vez e o outro é a presença de algum transtorno mental onde os mais comuns são: depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, abuso/dependência de outras drogas, esquizofrenia, borderline e outros transtornos.  Não podemos deixar de destacar que estes citados a cima são os “principais” e que existem outros fatores também de risco como idade onde o índice de suicídio entre idosos também tem um numero elevado devido a diversos fatores, gênero, identidade sexual, doenças clinicas como AIDS, câncer, doenças neurológicas, doença degenerativas,  fatores sociais e ambientar e por último fatores culturais.

Agora você deve estar perguntando-se: “Como faço para ajudar alguém que tenha apresentado sinais de pensamentos suicidas”?

O mais importante no momento é demonstrar empatia com a dor do outro sem tentar fazer comparações, ouvir efetivamente está pessoa, acolher, tentar entender o que está acontecendo e quais os sentimentos estão associados. A orientação é que busque realmente sentir o outro que está ao seu lado sem medo de perguntar o porque está triste ou deprimido. Muita das vezes na correria incessante do dia a dia deixamos passar pequenos sinais que algo não está legal com nossos colegas de trabalho, amigos e até mesmo familiares. É importante também orientar está pessoas em sofrimento psíquico há buscar ajuda de um profissional qualificado como um psicólogo ou psiquiatra, pois, o tratamento de fortalecimento afetivo e apoio emocional é tão importante quanto o tratamento psiquiátrico, que é fundamental para que o indivíduo possa enfrentar este período com maior eficiência. Atualmente, o Brasil conta com o CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo número 188 que conta com atendentes capacitados para acolher e ajudar em momentos de ideação suicida.

Mesmo com o grande tabu que ainda ronda os transtornos mentais e o suicídio é possível sim que possamos efetivamente evitar que este índice cresça dia após dia com o simples fato de falarmos sobre este assunto.

 

Antônio Marcos Lima Vieira (CRP 18/03359) é psicólogo graduado pela faculdade UNIC, é especialista em Diversidade e Educação Inclusiva pela UFMT e é especializando em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Faculdade RHEMA. Atua como Psicólogo atendendo crianças, jovens e adultos no Espaço Mente e Saber e também é Preceptor no curso de Psicologia da Faculdade UNIC Rondonópolis.

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