Uma mulher de 33 anos foi presa em flagrante pela Polícia Militar na noite de terça-feira (7), furtando mercadorias no supermercado Bom Jesus, em Várzea Grande, acompanhada de quatro filhos, sendo uma adolescente de 13 anos e outros três menores. Um veículo Gol que ela utilizava também foi apreendido por estar com a documentação atrasada.
Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada pela gerente do mercado com a informação de que uma mulher com três crianças e uma adolescente estava furtando alguns produtos e colocando dentro de um veículo Gol de cor verde
De acordo com o gerente, não é a primeira vez que o fato acontece, por isso a equipe de segurança do mercado fez a detenção da suspeita. Uma funcionária do mercado disse que viu em filmagens de câmeras a mulher “induzindo” as crianças a praticarem o furto. Os itens furtados foram encontrados dentro do carro.
A mulher e a filha adolescente foram encaminhadas para a Central de Flagrantes. O Conselho Tutelar foi acionado, mas não enviou nenhum conselheiro sob alegação de que apenas um delegado poderia fazer o acionamento.
Como não apareceu outro familiar para ficar com as crianças, todas foram levadas juntamente com a mãe para a delegacia. O carro utilizado pela mulher foi encaminhado ao pátio da empresa Vip Leilões.
Em entrevista no programa Cadeia Neles da TV Vila Real, a desembargadora Maria Erotides Kneip Baranjak, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), foi questionada a opinar sobre o caso. Por sua vez, a magistrada propôs uma reflexão deixando claro que não pode direcionar acusações e juízo do valor somente contra relação a mãe ignorando o fato de que as crianças também têm pai.
“Primeiro onde está o pai destas crianças? Uma paternidade não assumida que a mãe sozinha assumiu. Então, vamos começar por aí. A mulher não é responsável sozinha pela criação dos filhos. Onde está o senhor genitor dessas quatro crianças? É muito fácil a gente jogar pedra na mãe que está junto e está buscando alimento. Está atrás de alimentar essas crianças com fome, mas onde está o genitor que fez e desapareceu? Não vamos jogar tudo em cima dessa mãe”, ponderou a desembargadora.
A magistrada foi além, questionando sobre quais tipos de itens estavam sendo furtados pela mãe, que seriam basicamente alimentos. “Em segundo lugar, a fome é uma realidade no Brasil, nós sabemos que 33 milhões de pessoas passam fome, 125 milhões de pessoas não sabem qual será a próxima refeição. A fome é uma realidade cruel. Não estou dizendo que a mãe tinha licença para ensinar a furtar, mas o que foi furtado no pacotinho? Essa mãe, embora esteja dando um exemplo errôneo, ela estava tentando alimentar os filhos, cujo pai sequer é mencionado. Isso também é uma forma de discriminar mulheres”, criticou a desembargadora.
Fonte: Folha Max