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Chefe da PM aponta crise de autoridade, expõe fatos complexos e condena “julgadores”

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O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Corrêa Mendes, divulgou nota sobre a abordagem desastrosa de policiais militares a um grupo de jovens que partipavam de uma festa e foram alvos de denúncia de som alto e pertubação, na qual o saldo final foi um morto com pelo menos seis tiros e um baleado. O episódio foi registrado na cidade de Vera (458 km de Cuiabá) e ganhou repercussão nacional, inclusive com exibição no Fantástico da Rede Globo, que expôs detalhes sobre o caso na noite deste domingo (5).

Ainda foram divulgados nos trechos dos vários vídeos gravados no local que mostram o militar matando Diego Kalininski, 26 anos, com vários tiros no meio de uma multidão de pessoas depois que o rapaz avançou sobre o militar com um cassetete que ele tomou dos próprios militares. Nas redes sociais e nos comentários de sites de notícias, internautas passaram o domingo se manifestando, opinando e “cravando veredictos” de quem estaria certo ou errado.

Houve várias críticas aos politares, apontando suposto despreparo, excessos e questionamentos sobre o motivo de utilizarem armas letais numa situação em que tinham dezenas de pessoas no local. Mas tambem houve dezenas de comentários criticando Diego e o irmão dele, Dhione Kalnisnski, que também foi baleado, está internado e passará por cirurgia. Diveras pessoas acusam os irmãos de serem os reponsáveis pela tragédia por terem tomado o cassetete dos militares e avançado contra eles.

coronel alexandre mendes

É nesse contexto, de ânimos exaltados, com centenas de pessoas opinando sobre o caso é o que chefe da Polícia Militar divulgou uma nota na qual faz ponderações sobre todo o contexto que envolve o caso e chegou a culpar a imprensa por divulgar detalhes do fato. Segundo o coronel Alexandre Corrêa Mendes, são fatos complexos que não podem ter respostas simples, do tipo “certo” ou “errado”, colocando em xeque quem chega para resolver. 

Segundo o militar, a sabedoria veda o juízo precipitado, eximindo de responsabilidade ou culpando quem quer que seja. “Para isso já temos o inflamado tribunal mídiatico”, acrescenta ele dando a entender que a imprensa já elegeu os “culpados” no caso. Ele também questiona a crise  de autoridade que permite um jovem esmurrar um policial a fim de evitar ser conduzido, pois o desfecho trágico se deu porque o rapaz que foi morto se esquivou quando era colocado na viatura e com ajuda de outras pessoas, avançou contra os militares, desferiu socos em um dos policiais, tomou o cassetete e avançou para atacar o militar.

Os vídeos gravados e compartilhados em aplicativos e redes sociais também mostram que os militares chegaram arrastar o rapaz por um trecho tentando levâ-lo de volta à viatura. 

CONFIRA NA ÍNTEGRA 

Perante a realidade policial soam frágeis todas as opiniões, especialmente as passionais, ditas a quente. Convocar a técnica policial para provar que uma vida humana pode ser ceifada, legalmente, não justifica o tamanho da perda, e como pais e mães nessas horas, resta-nos a dor pelos familiares e o pasmo da comunidade ordeira e pacífica de Vera.

Precisamos falar sobre a ação policial sim, e para tal um inquérito está em andamento. Mas precisamos falar também sobre a crise de autoridade que permite um jovem esmurrar um policial a fim de evitar ser conduzido. Precisamos falar também sobre o excesso de álcool, da regulação das festas e da boa educação que precede e previne o comportamento delituoso.

Precisamos falar ainda, com relevo neste caso, sobre a ausência de fiscalização e proibição de eventos regados a álcool em locais públicos; verdadeiro combustível para a quebra da ordem.

Poucos sabem mas não é apenas a PM a deter o “poder de polícia” para evitar males como esse. Regulação; fiscalização; notificação e embargo, são palavras que antecedem o trabalho policial ali — e evitam tragédias.

Pois, diante de fatos complexos não podemos dar respostas simples, do tipo “certo” ou “errado”, colocando em xeque quem chega para resolver.

Perdemos todos com a perda de uma vida. Nenhum policial sai de casa com esse propósito, embora consciente dessa possibilidade quando técnica. Nenhum jovem sai para se divertir para não retornar.

Todas as providências foram e estão sendo tomadas para que familiares e a tropa em questão não tenham ainda mais traumas a digerir, refletir e, por fim, lhes sobreviver — porque assim a vida pede.

A sabedoria veda o juízo precipitado, eximindo de responsabilidade ou culpando quem quer que seja. Para isso já temos o inflamado tribunal mídiatico.

Respeitemos, contudo, a gravidade dos fatos com ações enérgicas de modo que situações trágicas como a ocorrida em Vera jamais se repitam em nosso Estado. Sobretudo que todos os nuances sejam esclarecidos em respeito à sociedade verense que tão bem acolhe o trabalho policial.

Alexandre Corrêa Mendes – Cel PM Comandante-Geral da PMMT

Fonte: Folha Max

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