A Polícia Civil prendeu a jovem Erickelly de Jesus Albernaz, de 21 anos, por envolvimento nas mortes de quatro maranhenses. As vítimas desapareceram há cerca de dois anos, quando foram sequestradas de dentro de uma quitinete, localizada no Bairro Renascer, em Cuiabá. Os corpos nunca foram encontrados.
Erickelly é filha de um dos maiores traficantes de Cuiabá, conhecido por “Maninho”. O homem era chefe do tráfico no bairro Pedregal e foi morto em 2015, em uma tentativa de chacina.
De acordo com o delegado da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Caio Albuquerque, que está à frente das investigações, a jovem é um dos alvos da Operação Kalýpto, deflagrada nesta terça-feira (24), contra integrantes do Comando Vermelho, que participaram do crime contra as quatro vítimas. A jovem teve o mandado de prisão preventiva cumprido em shopping da capital, enquanto trabalhava. Na delegacia ela optou por não colaborar com as investigações.
Erickelly é apontada como a pessoa que atraiu as vítimas para dentro da quitinete, onde elas foram sequestradas, no Bairro Jardim Renascer. “Na tarde dos fatos a Erickelly chama as vítimas para que trocassem a lâmpada da quitinete dela e assim duas vitimas vão lá – Paulo e Thiago – levam lâmpada e escada para fazer a troca. E nisso, as outras duas vítimas estavam soltando pipa na frente da quitinete com outras pessoas. Eles entram no corredor, trocam as lâmpadas, ficaram conversando, quando entra um carro com mais de cinco indivíduos armados e assim iniciam os fatos”, contou o delegado ao FOLHAMAX.
Ocorre que durante as investigações da DHPP, a jovem foi ouvida por três vezes e em todas mentiu em seu depoimento, dando versões que claramente ficou evidenciando que ela não dizia que a verdade. “Ela diz que ao tempo dos fatos não mais morava na quitinete. Que as vitimas só foram morar lá depois que ela já teria ido morar com a mãe. E que ela mal conhecia as vítimas, que não sabe de nada, só sabe o que deu nas reportagens, saindo da cena do crime. Tentamos por varias vezes fazer com que ela falasse o que ela sabe, até antes de pedir a temporária dela. Porque ainda que ela contasse algo ali extraoficialmente, mas que dessem credibilidade na versão dela, seria uma ajuda. Mas de forma alguma, ela sempre se manteve desacreditada durante as investigações”, explicou Caio.
Ainda segundo o delegado Albuquerque, uma denúncia anônima comunicou que a jovem teria de fato presenciado o crime, mas que estaria com medo e acuada com medo de contar o que ela sabe. “Ela foi ameaçada para que nada contasse”.
“A Polícia Civil insiste na prisão dela e assim como de todos os outros alvos por absoluta necessidade para as investigações. Nosso compromisso é esclarecer a verdade e fazer a justiça. Seja para identificar os autores e aqueles que não têm envolvimento. É para isso que serve a investigação criminal”, ressaltou o delegado.
Tiago Araújo, 32 anos, Paulo Weverton Abreu da Costa, 23, Geraldo Rodrigues da Silva, 20, e Clemilton Barros Paixão, também de 20, foram mortos com tiros na cabeça. Em seguida, foram decapitados e esquartejadas por membros da facção criminosa, Comando Vermelho.
As vítimas desapareceram há cerca de dois anos, quando foram sequestradas de dentro de uma quitinete, localizada no Bairro Renascer, em Cuiabá. Os corpos nunca foram encontrados. No entanto, segundo a Polícia Civil, ficou comprovada a morte de todas as vítimas. A suspeita pelo sequestro, seguido de morte é de que as vítimas fizessem parte de uma facção rival.
Nesta terça-feira (24), foi deflagrada a Operação Kalýpto para cumprimento de 18 mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho. Dois alvos de prisão já estão encarcerados na Penitenciária Central do Estado (PCE) e um está foragido. “Outros dois (presos) usam tornozeleira, inclusive usavam o equipamento quando cometeram o crime. Então, pouco se importavam em serem detectados quando fizeram essa barbaridade”, informou o delegado.
Os executores dos crimes foram identificados parcialmente como Vinícios Barbosa da Silva (Melancia), de 28 anos; Cleiton Ozorio Carvalho Luz (Mané), de 38 anos; Cleison Thiago Xavier dos Santos Luz, de 23 anos; Marcelo Wagner Cruz de Oliveira (Macaco ou índio), de 34 anos; Igor Augusto da Silva Carvalho (Barbado), de 27 anos; Leondas Almeida de Jesus (Léo Maconha, de 25 anos), Wanderson Barbosa da Cruz, 37 anos, e Gabriel Ítalo da Silva Costa (Torto), de 28. Léo Maconha seria um dos principais líderes do Comando Vermelho na região do Bairro Renascer. Ele está foragido com Gabriel Ítalo e outro alvo que não foi identificado.
Fonte: Folha Max