O advogado Rodrigo Pouso, que faz a defesa da empresária Fabíola Cássia Garcia Nunes, hostilizada e ameaçada dentro de sua própria residência pelo delegado Bruno França Ferreira quer que seja apurado se membro da Polícia Civil investigador estava sob efeito de “alguma coisa” no momento da invasão à casa da empresária, localizada no luxuoso condomínio Florais dos Lagos, em Cuiabá.
Em entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Vila Real nesta quarta-feira (30) ele afirmou que ‘contra imagens não há argumentos’ sobre a violência que sua cliente sofreu na última segunda-feira (28).
“A conduta que ele propôs a realizar fugiu de qualquer norma de como ele aprendeu. Isso aí eu acho que vai ter que apurar algo pessoal dele, se ele também estava sob efeito de alguma coisa, isso aí também tem que levar em consideração, com a forma que ele entrou lá. Usou de aparato policial, dando carteirada sem mandado judicial. Ele estava junto com policiais de operações especiais [GOE] com armamento pesado”, explicou.
Sobre a versão dada por Bruno França, de que só foi até o local, pois o enteado ligou para ele dizendo que Fabíola havia o ameaçado e, sendo assim, descumpriu uma medida protetiva contra o adolescente, Pouso afirmou que sua cliente sequer foi comunicada sobre a ordem judicial.
“Existe uma medida de proteção, mas o problema é que pra ela existir formalmente a outra parte tem que saber. Então ela tem que ser citada. O oficial de Justiça tinha que ter ido até ela e falar: olha Fabíola há uma medida de proteção em nome de Antônio Joaquim Moraes Rodrigues Neto, que é o avô do menino”, esclareceu o advogado.
Entenda o caso
A confusão envolvendo a família do delegado e a família da empresária teve início há algum tempo no Condomínio Alphaville (também de luxo), após um desentendimento entre o filho da empresária, atualmente moradora no Florais dos Lagos, e o enteado de Bruno, morador do Alphaville. As duas famílias já se enfrentam na Justiça devido a rusga gerada entre os adolescentes.
Fabíola afirma que se mudou do Alphaville porque estaria sofrendo ameaças. Todavia, na segunda-feira, foi surpreendia com a chegada do delegado por volta das 20h30 sem posse de nenhum mandado judicial. Câmeras de segurança da casa registraram o delegado esmurrando a porta da casa até arrombá-la. Depois, com arma em punho, e aos gritos e xingamentos, ordena que todos da residência se deitem no chão. A vítima tenta entender o que acontecia, enquanto a filha, de quatro anos, chora e grita aos prantos assustada. Inclusive, ele chegou a gritar que iria “explodir” a cabeça da moradora se ela não obedecesse às ordens.
Na ocasião, o delegado alegou estar em cumprimento de uma “prisão em flagrante” em descumprimento de uma medida protetiva em favor de seu enteado, que é ainda é neto de um conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-MT).
Rodrigo Pouso, também filmou o momento que foi xingado pelo delegado, na Central de Flagrantes da Capital, no bairro Verdão. À ocasião, ele tentava saber qual era acusação que pesava contra sua cliente. No local, o delegado, que hoje está lotado em Sorriso (478 km de Cuiabá), também estava bastante exaltado e se negava dar detalhes da situação ao profissional.
Nesta quinta-feira (1º), a Corregedoria da Polícia Civil confirmou que afastou o delegado por 60 dias e instaurou sindicância para investigar sua conduta, pois ele agiu por conta própria sem ter qualquer mandado para ser cumprido na casa da empresária.
Fonte: Folha Max