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Em júri, promotora acusa cabo do Bope de ser responsável pela morte de tenente

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A promotora Daniele Crema da Rocha de Souza disse nesta quinta-feira (24), no julgamento dos três policiais militares acusados da morte do tenente, em maio de 2017, em Matupá, a 696 km de Cuiabá, acusou o cabo Lucélio Gomes Jacinto, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da morte do tenente-coronel Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, que morreu baleado durante suposto confronto.

A acusação argumentou que o cabo deve ser condenado por homicídio doloso – quando há intenção de matar. Ela mostrou depoimentos de duas testemunhas de acusação durante o processo em que elas dizem que o cabo alegou que o disparo que atingiu o tenente Scheifer tinha sido disparado por um suspeito de assaltar um banco que estava escondido na mata.

“Segundo um sargento que estava no local, os policiais não se preocuparam em ajudar o tenente”, diz a promotora. As testemunhas alegaram que o cabo não efetuou nenhum disparo em direção à mata e que a regra de um cenário operacional é fazer a cobertura de fogo para retirar o policial atingido do local. Quando o Scheifer caiu no chão, os policiais não se preocuparam em fazer a segurança do local, segundo elas.

Mas, para a promotora, apenas Lucélio deve responder pelo crime e que não há provas contra os outros dois réus. O advogado de defesa que representa Lucélio, Marciano Xavier, disse que ocorreu uma falsa interpretação da realidade. Segundo ele, o cabo “visualizou o vulto com alvo cruzado achando que era um oponente, o que se assemelhava com o contexto do terreno porque os bandidos abandonaram o próprio veículo e porque todas as saídas estavam fechadas”.

O julgamento é conduzido pelo juiz Marcos Faleiros e começou às 13h30. O tenente do Bope, Carlos Henrique Scheifer, 28 anos, morreu no dia 13 de maio de 2017, depois de levar um tiro no abdômen, durante um confronto com suspeitos de assalto a banco, em Matupá, a 696 km de Cuiabá.

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso e três policiais são acusados de inventar um confronto para encobrir a morte do tenente, que foi baleado pelo cabo do Bope Lucélio Gomes Jacinto. Durante as investigações, os militares mantiveram a versão de que Scheifer havia sido morte em um confronto. No entanto, um exame de balística revelou que o tiro que matou o tenente foi disparado pelo cabo.

Depois do resultado desse laudo, os policiais envolvidos mudaram a versão do que realmente ocorreu. As investigações apontaram que os militares cometeram o crime porque queriam evitar que o tenente Carlos Scheifer, que liderava equipe, os denunciasse por desvio de conduta na morte de um dos suspeitos do roubo.

Lucélio Gomes Jacinto, Joailton Lopes de Amorim e Werney Cavalcante Jovino foram denunciados por homicídio triplamente qualificado e, agora, respondem criminalmente no processo pela Décima Primeira Vara Criminal Especializada Justiça Militar de Cuiabá. No ano passado, o Ministério Público Estadual (MPMT) pediu à Justiça a condenação do cabo Lucélio e a absolvição do sargento Joailton e do soldado Werney. No documento o promotor cita que as provas do processo são suficientes para demonstrar que Lucélio praticou o crime, mas são insuficientes para imputar a coautoria ao sargento e ao soldado.

Segundo o Ministério Público, os fatos começaram com a perseguição da viatura da polícia, cuja equipe estava sob o comando de Scheifer, a duas caminhonetes em que estavam os suspeitos de um roubo. Na ocasião, um dos veículos sumiu durante a fuga e o outro perdeu o controle na estrada, quando quatro dos ocupantes já desceram atirando contra os policiais.

A tentativa de prender os assaltantes que, inicialmente, parecia ter sido frustrada, acabou dando certo no dia seguinte com apoio de outros militares que atuavam em cidades próximas. Um dos veículos foi localizado em um posto de combustível em Matupá e o motorista Agnailton Souza dos Santos foi presos.

Com base nas informações obtidas no interrogatório do acusado, a equipe liderada por Scheifer fez um cerco policial a um imóvel localizado em um bairro da cidade, para prender outros suspeitos.

Fonte: Folha Max

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