O ex-governador Pedro Taques (Solidariedade) reagiu às declarações do empresário Josino Guimarães que, durante julgamento pela morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral, afirmou que o então procurador da República “arrebentou” com sua vida. Taques participou da investigações e foi responsável por denunciar o caso enquanto esteve no Ministério Público Federal (MPF).
O ex-chefe do Executivo recordou que a mesma denúncia foi mantida em outras instâncias do Poder Judiciário. “Eu fiz a denúncia, o juiz federal recebeu, o TRF manteve, o STJ manteve, o STF manteve mais de uma vez. Em 2000, 2001, havia elementos para a denúncia e não acompanhei mais o caso. Não conheço o processo, não fiz a instrução processual, não posso dizer se existe prova para condenar. Uma denúncia não significa que o cidadão seja culpado, para isso existe o processo, com contraditório, ampla defesa e o Judiciário para decidir”, disse.
Taques ainda acrescentou que a Polícia Federal foi a responsável pela investigação, e não ele. Josino é acusado pelo homicídio do juiz Leopoldino Marques do Amaral, em 1999. No depoimento nesta terça-feira (22), o réu afirmou que o ex-procurador foi na imprensa e “meteu a boca nele”.
O então procurador abriu mão do o cargo para disputar ao Senado. Josino é empresário no ramo de venda de maquinários agrícolas. Ele mantém endereços em Cuiabá e Rondonópolis. Além disso, seria intermediador de venda de sentenças de magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ) e réus.
Pouco antes de ser morto, o juiz havia feito denúncias de venda de sentenças no Poder Judiciário e acusado Josino como o intermediador do comércio de decisões judiciais. O caso foi apurado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário, que tramitou no Senado. O corpo do magistrado foi encontrado em Concepción, no Paraguai, próximo da fronteira com o Brasil. Havia marcas de dois tiros e o a vítima estava carbonizada, contudo documentos foram encontrados próximo a ele, o que ajudou na identificação.
Os restos mortais foram trazidos para Mato Grosso e enterrados em Poconé. Desde que passou a tramitar a investigação, houve duas exumações para exame de DNA. Conforme informações, o juiz havia sido visto pela última vez próximo a um hotel de Várzea Grande. Ele teria sido sequestrado e o corpo desovado na fronteira.
Além de Josino, são acusados de envolvimento no crime a escrevente e então assessoria da vítima, Beatriz Árias, e o tio dela Marcos Peralta. Ela foi condenada a 12 anos de prisão, em maio de 2001. Ele morreu em uma cadeia no Paraguai, em 2005, sem ser julgado. Ele seria o autor dos disparos.
O sargento da Polícia Militar, José Jesus de Freitas, disse em depoimento que recebeu proposta de R$ 100 mil do empresário para matar o juiz. Jesus foi morto a tiros, em 2003, pelo o ex-cabo da PM Hércules Araújo Agostinho e ex-soldado Célio Alves de Souza, ambos pistoleiros do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.
Josino foi submetido, pela primeira vez, a júri popular em 2011 e absolvido por falta de provas. O MPF ingressou com recurso e, agora, enfrenta novo julgamento.