Servidor público federal de carreira em Mato Grosso e ex-diretor geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) na gestão do ex-presidente da República, Michel Temer (MDB), José da Silva Tiago está preso temporariamente em Brasília desde o dia 10 deste mês devido à suspeita de participar de esquemas de corrupção enquanto chefiou o Dnit no Paraná pelo período de oito anos. A prisão foi cumprida por agentes da Polícia Federal em um dos desdobramentos da Operação Rolo Compressor.
O superintendente do Paraná, José Carlos Beluzzi de Oliveira, foi afastado do cargo por suspeita de corrupção. Antes de ser alçado à direção geral do Dnit, José da Silva Tiago trabalhou oito anos a frente da Superintendência do Dnit no Paraná. Iniciou a carreira em 1972 como estagiário do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens (DNER) e depois se efetivou após a aprovação em concurso público.
Em apenas um dos contratos sob investigação, com valor contratado superior a R$ 700 milhões, há constatação de prejuízo de mais de R$ 60 milhões para os cofres públicos, segundo auditoria da CGU (Controladoria Geral da União). A investigação, iniciada em 2015, diz respeito a fraudes em contratações e execução de obras públicas, incluindo superfaturamento e sobrepreço, visando o desvio de recursos públicos, além de atos de corrupção e lavagem de dinheiro, com indícios de que o esquema criminoso funcionava há mais de uma década.
O TCU (Tribunal de Contas da União) identificou maquiagem nos custos de uma obra no Paraná. A empresa contratada fez 475 km de rodovia, mas apresentou planilha de mais de 600 km asfaltados.
O superfaturamento gerou prejuízo aproximado de R$ 9 milhões. Uma das obras problemáticas na gestão de José da Silva Tiago à frente do Dnit do Paraná é o contorno norte de Maringá que apresentou sobrepreço de R$ 10 milhões.
Há ainda suspeitas de fraude na licitação e pagamentos indevidos na BR 487 que liga o Paraná a Mato Grosso. Na ação, foram expedidos pela Justiça Federal em Curitiba mandados de prisão e de busca e apreensão em seis estados; Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo.
As buscas envolvem 125 policiais em 26 locais. Ainda segundo a PF, outros cinco servidores públicos foram afastados cautelarmente e tiveram o patrimônio bloqueado.