O manejo adequado de pastagens vem se tornando cada vez mais um diferencial competitivo na pecuária brasileira. Não por acaso, as pesquisas relacionadas ao tema têm ganhado força e chamado a atenção da Academia. Prova disso foi o reconhecimento do trabalho de Sila Carneiro da Silva, professor de Pastagens e Forragicultura da Esalq-USP, premiado neste ano pela Sociedade Brasileira de Zootecnia pela sua contribuição à produção animal nas últimas décadas.
Trata-se de um premio atribuído anualmente pela SBZ a profissionais de reconhecido mérito na Zootecnia, que tenham feito contribuições significativas à área e ao país. As indicações são feitas por sócios da Sociedade, enquanto os vencedores são definidos pela Diretoria Executiva da entidade.
“Este prêmio chegou em boa hora, já que o ano que vem é o meu último de atividade na Academia. Para mim foi muito recompensador. Você chega no final e recebe uma honraria dessa. É o mais alto reconhecimento da Sociedade Brasileira de Zootecnia”, afirma o professor.
Engenheiro agrônomo com doutorado na Nova Zelândia, Sila atua desde 1990 como professor no departamento de Zootecnia da Esalq-USP, onde ajudou a desenvolver diversas linhas de pesquisa relacionadas à nutrição animal, entre elas a “Conheça sua planta forrageira”, que analisa todas as fases de desenvolvimento do pasto e permite uma maior assertividade no manejo, gerando ganhos substanciais de produtividade, lucratividade e sustentabilidade.
Nos últimos anos, Sila Carneiro também atuou em parceria com a iniciativa privada no desenvolvimento de tecnologias disruptivas para o monitoramento de pastagens. Usando o conhecimento acumulado ao longo dos anos na Academia, contribuiu para a criação do KonectPasto, sistema que utiliza drones e Inteligência Artificial para auxiliar no manejo das pastagens.
O professor recorda que o desenvolvimento da tecnologia surgiu a partir da necessidade de Guilherme Portes, seu ex-aluno na Esalq e então responsável pela equipe de pastagens da Nutripura, que buscava uma forma de automatizar a captação de dados em campo. “Diante do aumento da área monitorada pela empresa, passou a ficar humanamente impossível fazer as medições na frequência necessária que os clientes precisavam para a tomada de decisão”, diz.
“Então fomos buscar na literatura formas de colocar o conhecimento que a gente tinha para agilizar os processos de leitura. Assim começou o desenvolvimento do KonectPasto. Com base em alguns modelos matemáticos de um artigo científico, a gente foi adaptando para que ele nos desse recomendações. Hoje fazemos as captações a partir de drones, que geram as imagens posteriormente transformadas em dados que são a matéria-prima do nosso trabalho.”
O desenvolvimento do KonectPasto foi um marco nas relações entre a Academia e empresas privadas, já que o conhecimento gerado na universidade foi fundamental para a criação de um produto comercial inovador. O sistema foi, inclusive, apresentado aos membros da Sociedade Brasileira de Zootecnia na cerimônia de premiação do professor Sila Carneiro, quando, ao lado de Guilherme Portes, falou sobre o processo de desenvolvimento da ferramenta.
O lançamento comercial do KonectPasto ocorreu no ano passado. Agora, no dia 30 de agosto, em Piracicaba, será realizado o segundo encontro da Koneksi Agro, startup criada dentro da Nutripura que hoje atua como empresa independente fornecendo soluções para o monitoramento de pastagens. O evento, focado em treinamento e capacitação, é restrito aos consultores que atuam em sistemas intensivos de pecuária.