De um lado, o trabalhador rural, ex-gerente de uma fazenda em Mato Grosso que perdeu a perna em um acidente. De outro, o empregador, enfrentando a cobrança de indenização pelo ocorrido. Depois de quatro longas audiências, cada uma com mais de 2h30 de duração, o caso chegou ao fim na sexta-feira (24) com a homologação do acordo no encerramento da Semana Nacional da Conciliação Trabalhista realizada no Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT/MT).
O caso teve início em abril deste ano na Vara do Trabalho de Diamantino, por meio de uma reclamação pré-processual que solicitava a mediação da Justiça do Trabalho. As negociações foram conduzidas pela juíza Caroline de Marchi, com a participação da conciliadora Priscila Mendes. Ambas atuam no Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas de 1º grau do TRT/MT (Cejusc-1).
Após intensas tratativas, o acordo foi alcançado, encerrando um ciclo penoso para ambas as partes. Ele incluiu, além de indenização, valores para a futura troca da prótese usada pelo ex-gerente, considerando o desgaste da atual, fornecida pelo empregador antes das negociações.
A juíza destacou a complexidade e gratificação de se alcançar a conciliação. “Foi um acordo que exigiu muita negociação, mas também foi muito gratificante. Pelo impacto na vida do trabalhador, que teve a perna amputada e viu sua vida mudar drasticamente, e pela postura consciente de todos os envolvidos, focados em resolver a situação”.
A magistrada ressaltou que, além do trabalhador, o empregador também foi impactado diante da possibilidade de uma indenização significativa. “Por conta dessa situação, nenhuma das partes iria ter paz e segurança enquanto não transitasse em julgado a eventual sentença de um processo. Por isso, uma conciliação era o melhor caminho”, ponderou.
Na busca por um meio termo justo, a mediação contou com a realização de longas audiências, oportunidades de conversas detalhadas, explicações e ponderações. “O importante é que conseguimos resolver o caso, garantindo uma quantia para o trabalhador e a segurança do empregador, que saiu com tranquilidade em relação ao pagamento”, avaliou Caroline de Marchi.
A condução das negociações pelo Cejusc-1 do TRT e o resultado positivo do acordo foram amplamente elogiados pelos advogados. Para Gustavo Bonfim, advogado do trabalhador, a atuação eficaz da juíza e da equipe de conciliação foi fundamental para alcançar o consenso. Ele enfatizou a importância dada à reabilitação do trabalhador acidentado, com a garantia de valores que permitirão a troca das próteses futuramente (duas próteses), além de uma indenização ao trabalhador.
O advogado Everaldo Lorenzatto, que defendeu o empregador, também elogiou a condução das tentativas de acordo. Ele ressaltou a complexidade do caso e o esforço necessário para se chegar a um consenso. “Graças à habilidade, paciência e sensibilidade da juíza, foi possível chegar a um ponto em comum e alcançar um acordo satisfatório para todos”, afirmou.
PJe 0000198-62.2024.5.23.0056
(Aline Cubas)
Fonte: TRT – MT