Quando se compara os dados de brasileiros brancos com os de pretos e pardos no acesso ao mercado de trabalho, o cenário visualizado é de dois países completamente diferentes. Os números que mostram o tamanho do desafio foram a inspiração para o tema da 5ª Corrida do Trabalho, que neste ano discute a diversidade racial nas organizações. A prova será nesta quarta-feira (01), na lateral do Complexo – Sede do TRT/MT, e reúne 1200 corredores inscritos para percursos de 10K, 5K e caminhada.
Pessoas negras representem 56,1% da população em idade de trabalho, mas, entre os desempregados, 65,1% são negros. A informalidade atinge mais pretos e pardos, como é a definição do IBGE, do que brancos. Conforme dados do instituto, 40,9% da população ocupada estava na informalidade em 2022. Desse total, a proporção de mulheres pretas ou pardas (46,8%) e homens pretos ou pardos (46,6%) superava a média nacional, enquanto a de mulheres brancas (34,5%) e homens brancos (33,3%) se mantinha abaixo.
Mesmo ao alcançar um posto de trabalho, a desigualdade ainda persiste com piores condições impostas a pretos e pardos, que têm mais dificuldades de ascensão profissional. Apenas uma em cada 48 pessoas negras está em cargo de direção ou gerência, enquanto entre os homens não negros, a proporção é de um para cada 18 trabalhadores.
Com o tema “Diversidade racial. Muitos tons, uma corrida”, a 5ª Corrida do Trabalho realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-23), realizada em 1º de maio, Dia do Trabalhador, vai dar visibilidade a esse problema social e promover reflexões para mudar o cenário. É o que explica a primeira desembargadora negra de carreira a presidir o TRT/MT, Adenir Carruesco.
Ela enfatiza que toda sociedade é responsável por construir um país mais inclusivo. “Campanhas como essas promovem o empodeiramento do povo negro. Se conhecer como pertencente é importante. Primeiro temos que sonhar para depois realizar os sonhos e objetivos. Não podemos ser seduzidos pelo discurso da meritocracia, porque o filtro é muito grande. Temos uma linha para quebrar que não é tão fácil”, ponderou.
A magistrada também destacou a importância do esporte. “O esporte ajuda a construir homens e mulheres de honra, por todos os princípios de vida que traz. Ensina a ter mais comprometimento, ensina que semeando, se colhe, que pode cair, mas tem que levantar e que para ganhar tem que ter esforço. Na infância traz ainda a sensação de pertencimento, valor, importância e perseverança, além de trazer autoestima. O esporte é em parte responsável por eu ter chegado aqui”, afirmou.
Projeto Social
Com apoio de doações de inscrições para a Corrida do Trabalho, o Instituto Águias de Várzea Grande vai trazer seis atletas para participar do evento no dia 1º de maio. O treinador da equipe, Claudio Mendes, comemorou a parceria com o TRT/MT para incentivar os jovens do projeto social.
Segundo Mendes, o Instituto Águias de Várzea Grande atende pessoas a partir de 7 anos. “Para nós é importante ganhar essas inscrições porque são poucas competições e os valores são altos. É uma forma desses meninos e meninas participarem e serem incentivados a continuar focados nos treinos”, comemorou.
Corrida do Trabalho
Idealizada pelo Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-23) e Ministério Público do Trabalho (MPT), a 5ª Corrida do Trabalho é realizada pela Amatra-23. Conta com a parceria da TV Centro América e com o apoio do Sicredi e do Serviço Social da Indústria (Sesi MT).
Este ano, a prova tem o patrocínio do Sicredi, da Anajustra Federal e do FAS, o Fundo Complementar de Saúde dos Servidores e Magistrados do TRT.
Fonte: TRT – MT