O delegado Hércules Batista Gonçalves, responsável pela investigação do feminicídio de Emilly Bispo, de 20 anos, na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que Antônio Aluízio da Conceição Marciano, de 20 anos, premeditou o feminicídio e não demonstrou arrependimento ao ser interrogado na tarde desta quinta-feira (16). O assassino, que matou a ex-namorada com 14 facadas no meio da rua, no bairro Pedra 90, em Cuiabá na manhã de quinta-feira, comprou uma passagem com destino ao Estado Pará e iria fugir se não tivesse sido preso em flagrante. Ainda segundo o delegado, Emilly foi ameaçada e agredida, mas não registrou boletim de ocorrência.
Conforme o delegado Hércules, o criminoso premeditou o crime e aguardou o momento certo para executar Emily. O criminoso alegou, em depoimento ao delegado, que só esfaqueou e matou Emily porque ela teria gritado. No entanto, a investigação mostra que ele perseguia a moça e a ameaçava constantemente.
“O crime não foi casual, ele premeditou, pediu uma moto emprestada, ele conhecia a rotina da vítima, a vítima saía todos os dias cedo para levar o filho na creche, então ele ficou circulando e aguardou o melhor momento para abordar-la e a esfaqueou com mais de 15 facadas, ela gritou e ele alega que a matou porque ela teria gritado”, disse o delegado durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (17).
De acordo com o depoimento de Antônio, ele e Emilly ficaram se relacionaram por cerca de um ano e neste período ele vasculhava o telefone da vítima e encontrou conversas de homens flertando com a jovem. “O crime não foi praticado por paixão, não é passional, é um crime premeditado, calculista, não tem nada de injusta a provocação, a vítima estava vivendo a vida dela, ia levar a criança na escola. Ele de forma premeditada, já havia adquirido passagem, pegou uma moto emprestada, ficou circulando nos arredores e esperou o exato momento em que ela saísse de casa”, afirma o delegado Hércules Batista.
Antônio alegou que estaria sendo traído por ela, mas segundo o delegado isso não justifica o crime. O suspeito teria feito o pedido de casamento a Emily, mas eles já haviam rompido o relacionamento.
NÃO SE ENTREGOU
A Dayane Rodrigues, que acompanhava o criminoso ao ser preso na tarde de quinta-feira, disse a jornalistas na DHPP que Antônio decidiu se entregar, pois temia ser morto por integrantes de organizações criminosas como o Comando Vermelho. No entanto, essa alegação foi refutada pelo delegado Hércules Batista. Conforme ele, o assassino de Emily foi capturado por uma equipe da DHPP em uma casa abandonada no bairro Parque Geórgia, região do Coxipó.
“Não teve apresentação espontânea, a DHPP recebeu informações que ele estava escondido em uma casa abandonada, fomos lá e prendemos ele. Esta questão de ameaça de facção não nos compete, o que é importante é definir autoria e materialidade, ele está na cadeia, e pode pegar uma pena de 18 a 40 anos” afirma o delegado.
O crime de feminicídio praticado na frente do filho de Emily, uma criança de quatro anos, a pena pode aumentar de um terço até a metade. “Os familiares relataram que ela já havia sido mantida em cárcere privado e era vítima de constantes agressões e ameaças”, disse Hércules. O assassino será apresentado na audiência de custódia.
Entenda o caso
Emily Bispo foi morta com 15 facadas desferidas pelo ex-namorado Antônio Aluízio da Conceição Marciano, na manhã de quinta-feira (16), no bairro Pedra 90, região periférica de Cuiabá. Ela seguia por uma rua do bairro levando o filho de 4 anos para a escola quando foi abordada pelo ex-namorado que chegou em uma moto emprestada e agarrou no meio da rua e logo em seguida a esfaqueou várias vezes, na frente do filho e de outras testemunhas que passavam pelo local e presenciaram o crime. Ela chegou a ser socorrida em estado grave e encaminhada para uma unidade de saúde, mas não resitiu ao ferimentos.
Fonte: Folha Max