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Chefe da PM nega existência de ‘poder paralelo’, mas reconhece falha do Estado

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Comandante geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, negou que as facções criminosas funcionem como um “poder paralelo” no estado, mas reconheceu que existem localidades em Mato Grosso onde as facções criminosas tentam ocupar a função que seria do Estado.

“Eu não acredito que aqui tenha um poder paralelo, existe infelizmente local onde o Estado Democrático de Direito não está presente, onde não tem a prestação de serviços do estado e infelizmente estes grupos tentam adentrar […] consequentemente em alguns bairros periféricos da cidade estas organizações tentam adentrar para oferecer alguns serviços que agradam essa população, e obviamente que o poder público tem que ocupar estes espaços”, disse o comandante em entrevista ao programa A Notícia de Frente, da TV Vila Real, nesta quarta-feira (8).

O coronel ainda justificou que Mato Grosso, por fazer fronteira com a Bolívia, é uma passagem “obrigatória” de traficantes que buscam enviar drogas para outras regiões do país ou para a Europa. Porém, garantiu que as forças de segurança têm atuado energicamente no combate às organizações criminosas responsáveis pelo tráfico e que Mato Grosso não está dominado pelas facções.

“Dominado não está, tanto é que nossos presídios estão abarrotados, cheios de lideranças que foram presas, […] somente nestes 3 primeiros meses aqui em Mato Grosso foram quase 3 toneladas de drogas apreendidas, isso só foi possível pelo cruzamento de informações entre as agências de inteligência, entre as instituições, a Polícia Militar sozinha não conseguiria fazer estas apreensões […] Este trabalho está sendo realizado com bastante integração para que nós possamos coibir a entrada ou a passagem destes materiais ilícitos para dentro do país”.

Com relação à existência de “disciplinas”, cargos que existem nas organizações criminosas para punir pessoas que violam as regras da facção ou cometem crimes em determinadas regiões sem autorização, o coronel afirmou que esta figura não é nova, mas que isso continua sendo crime e deve ser punido.

“Isso é um fato que realmente é verdade no Brasil, […] existe realmente o cargo chamado disciplina, que é a pessoa que vai fazer a correção, vai fazer as agressões e as torturas com aquelas pessoas que porventura estão em desacordo com a facção criminosa. […] Agora, quando este disciplina é identificado, é preso e encaminhado ao Poder Judiciário para que seja processada e julgada. Nós temos vários disciplinas que estão presos, reclusos em nossas cadeias públicas”.

Para o coronel, a raiz da violência é o uso de drogas, que financia as organizações criminosas. Outro responsável pela “explosão de violência”, segundo o comandante são as leis brandas.

Nós temos inúmeras vertentes para essa explosão de violência, posso citar duas delas […] O que fomenta a maioria da violência do país é o consumo das drogas. Quando se fala nesse consumo, são pessoas viciadas que necessitam praticar crimes para comprar e consumir seu entorpecente […] a segunda vertente, não vou falar nem que é o enfraquecimento das leis, mas infelizmente quando existem leis no país para a população, existem lacunas e brechas onde pessoas praticam crimes e acabam não sendo ressocializadas […] não estou dizendo que a culpa é do Poder Judiciário ou do Ministério Público, a culpa é da nossa legislação tão branda”.  

Fonte: Folha Max

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