Uma policial penal, de identidade não revelada, denunciou quatro coordenadores do curso de Intervenção Rápida em Recinto Carcerário, da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp) por tortura. O caso de tortura teria ocorrido após a mulher ter denunciado outro agente de segurança por importunação sexual. O curso, que era aplicado pelo Grupo de Intervenção Rápida (GIR), está suspenso e o caso é investigado pela Polícia Civil.
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado na última sexta-feira (3), a vítima conta que o edital do curso permitia que as agentes femininas poderiam fazer o exercício de flexão utilizando o joelho. No entanto, ao fazer o exercício, um dos coordenadores teria pisado em suas mãos e dizia que lá não era lugar dela, mas sim na cozinha “lavando vasilha”.
Em seguida, ela narra que durante as instruções sobre gás lacrimogênio, os suspeitos jogavam diretamente o gás nos olhos e na boca dela. Além disso, jogaram o artefato nela e em um colega quando estavam em uma barraca.
Outro episódio, conforme o relato da vítima, foi quando ela foi levada a uma sala escura pelos suspeitos, que tiraram a balaclava e o gorro que a mesma usava e apontaram a lanterna em seus olhos, a questionando sobre a denúncia que ela fez sobre outro colega de farda sobre assédio sexual.
O caso em questão é uma ocorrência registrada contra outro policial penal na Penitenciária Central do Estado (PCE). Na ocasião, a vítima teria ido tomar banho e percebeu que estava sendo vigiada. Assustada, ela correu e pediu socorro a outros agentes que estavam no local. No entanto, o suspeito não foi localizado.
Por ter registrado o boletim de ocorrência, a vítima acredita que foi alvo de perseguição dos outros agentes, que ainda durante a aplicação do treinamento, colocaram ela e outros alunos em um carro e seguiram para Rondonópolis quando a pressionaram de novo para que ela desistisse do curso.
Após nova negativa, os suspeitos então teriam lançado gás de pimenta em seu rosto e, com o braço dela, bateram o sino. Em seguida, a mulher foi colocada em uma viatura, mas no trajeto, temendo pela vida, pulou do veículo.
Após o caso vir à tona, o Governo de Mato Grosso suspendeu o curso e abriu um inquérito para apurar os fatos. Dois envolvidos já foram ouvidos.
“A Secretaria de Estado Segurança Pública (Sesp) esclarece que já determinou a imediata suspensão do curso do Grupo de Intervenção Rápida em Recinto Carcerário da Polícia Penal e que irá instaurar procedimento administrativo para apurar a denúncia”, diz a nota.
Fonte: Folha Max