Uma advogado de 31 anos de Mato Grosso, que não teve a identidade divulgada, está entre os presos da operação “Peixe Grande”, da Polícia Federal, contra comercialização de ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Sararé, em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá. São cumpridos 11 mandados de prisão e busca e apreensão durante a manhã desta terça-feira (28).
De acordo com a Polícia Federal (PF), as ordens judiciais são cumpridas em Pontes e Lacerda e Confresa, em Mato Grosso, e em São José do Rio Preto, em São Paulo. Ainda segundo a PF, além do advogado, proprietários ou sócios de empresas dedicadas à comercialização de metais preciosos também são alvos da operação.
A ação tem o objetivo de desintegrar a organização criminosa e encerrar as atividades ilegais financiadas pela extração ilegal de ouro, assim como acabar com a degradação ambiental e os danos sociais e humanitários causados à populações da região. As investigações começaram durante a Operação “Rainha de Sararé”, em 2022.
Segundo a análise dos dados financeiros, em menos de três anos, foram identificadas mais de 47 milhões em movimentações suspeitas. Em 2022, a PF deflagrou a Operação “Rainha de Sararé”, para cumprir mandados de busca e apreensão contra associação criminosa responsável por comandar a extração ilegal de ouro da Terra Indígena Sararé.
O grupo criminoso é comandando por uma família de Rondônia, que se deslocava ao Mato Grosso para extrair ouro ilegal da terra indígena. Segundo a polícia, eles têm uma empresa de fachada que presta serviços de terraplanagem.
Na época, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva – entre eles de uma mulher conhecida como “Rainha de Sararé. Também foram cumpridos quatro decretos de busca e apreensão
A ação da Polícia Federal teve como objetivo a preservação ambiental com o combate do desmatamento das áreas de preservação e contaminação dos rios e solos. A empresária Marlene Araújo, de 47 anos, conhecida como “Rainha do Sararé”, foi apontada como chefe da organização criminosa responsável pela extração ilegal de ouro da Terra Indígena Sararé.
(Atualização: No dia 15 de agosto de 2022, a defesa de Marlene Araújo entrou em contato com o g1 e emitiu um posicionamento, afirmando que os requisitos exigidos pela lei para decretar a prisão preventiva não foram cumpridos, pois não foi demonstrado risco atual e concreto da violação da ordem pública e econômica. A defesa também informou que o processo corre em segredo de justiça e afirmou que os crimes apurados não alcançam pena suficiente para que haja prisão em regime como foi aplicada).
Marlene foi presa no dia 9 de agosto durante a Operação “Rainha Sararé”, por associação criminosa e usurpação de patrimônio da União. O crime de usurpação, segundo a Constituição Federal, é quando a pessoa produz bens ou explora matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo.
Nesse caso, tudo que está no subsolo da Terra Indígena é patrimônio público. De acordo com a Polícia Federal, Marlene é dona de uma empresa de terraplanagem em Jaru (RO), a cerca de 680 km da terra indígena, que serve como fachada para financiar o garimpo ilegal e receber o ouro extraído e comercializado ilegalmente.
A empresa, que também tinha endereço em Pontes e Lacerda(MT) e em Campo Novo de Rondônia (RO), anunciava serviço de aluguel de pá carregadeira e recrutava pessoas. O g1 não conseguiu localizar a defesa de Marlene.
Conforme informações da PF, a família da ‘rainha’ é de Rondônia e se deslocava a Mato Grosso para realizar o garimpo na terra indígena. Na casa de Marlene, em operação realizada no dia 9 de agosto, foram apreendidos diamantes ilegalmente extraídos, além de joias e objetos de ouro. Também foram localizadas peças de motor e equipamentos incinerados em outras operações na Sararé.
Fonte: Folha Max