O comandante geral da Polícia Militar do estado, Alexandre Corrêa Mendes, rebateu as acusações à TV Centro América, nesta quinta-feira (16), sobre a intervenção policial que resultaram nas mortes dos jovens Diego Kaliniski, de 26 anos, em Vera, a 486 km de Cuiabá, e de Pablo Ferreira de Carvalho da Silva, de 25 anos, na capital. Além de afirmar que foi encomendado 800 unidades de armas não letais para uso policial nesses casos e chamou atenção para o mínimo efetivo de agentes nos municípios para atender as ocorrências.
A cada quatro homicídios em Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, um é em decorrência de intervenção policial, conforme o promotor do Ministério Público de Mato Grosso, Vinícius Gahyva Martins, com base em todos os registros de ocorrências. A respeito da morte de Pablo Ferreira, no domingo (12), após o jovem ter tido um surto psicótico e mãe ter acionado a polícia, que o matou a tiros, o comandante afirmou que este problema não fica restrito apenas à segurança, mas sim à saúde pública no estado.
“Nós sabemos que o problema é seríssimo de pessoas com dependência química. A perícia oficial esteve no local e possivelmente em 30 a 40 dias já teremos informações claras e precisas. Infelizmente, aconteceu essa tragédia em que mais um jovem se envolveu com drogas e buscaram a polícia para resolver. É uma clínica, pública ou privada, para cuidar dessas pessoas”, afirmou.
Questionado acerca da abordagem dos policiais no caso em Vera, no qual o jovem Diego morreu ao ser baleado pela PM depois de resistir à prisão no domingo (5), o comandante destacou que o contingente mínimo de agentes e a atuação do poder público do município influenciaram no desfecho do caso. “Nós temos que entender que o poder público municipal também fechou os olhos. Uma ocorrência de perturbação ao sossego em uma cidade pequena atinge diversas pessoas. Ali temos quase oito ocorrências e, infelizmente, a vítima que veio a óbito teve participação em algumas delas. Por que o poder público não se organizou com a própria polícia militar, civil e outras instituições para agir naquele local?”, questionou.
Segundo o comandante Mendes, a atitude das pessoas no local também pode ser responsabilizada. “Tínhamos somente dois policiais para conter 12 pessoas, que poderiam ter ajudado o policial e a vítima para que não houvesse essa violência naquele local. Penso que aquelas pessoas que estavam lá filmando a situação para querer seguidores também são responsáveis. Nenhum policial sai para trabalhar com intenção de matar alguém e nem o jovem sai para se divertir para voltar dentro de um caixão”, afirmou.
O comandante ressaltou que o pouco efetivo de policiais nos municípios é uma realidade no estado. “Temos um quantitativo mínimo nos municípios. O caso em Vera, há oito policiais, mas no serviço de rua são apenas dois. Hoje, alguns municípios precisam acionar as regiões vizinhas para completar um efetivo. Por essa razão que o governador autorizou e já vai fazer o chamamento de mais policiais militares para que podemos recompletar o efetivo mínimo nesses locais. Essa convocação será para essas cidades onde há essa necessidade”, disse.
Armas não letais
Uma saída para evitar que essas ocorrências terminem em mortes, de acordo com o comandante, seria o uso de armas não letais. Conforme Mendes, cerca de 800 unidades de armamento deste tipo estão para serem entregues entre março e abril deste ano para todo estado. Ele ressaltou que há necessidade de mais equipamentos de proteção individual aos policiais.
“Nós falamos de um gás, um cilindro de gás poderia resolver ali. Um capacete antimotim também poderia ser usado para defesa do policial. Mas hoje temos somente as forças táticas no estado, que tem esse material. Já foi autorizado e estamos em processo de chegada de mais armamentos para utilização não letal dos policiais”, contou.
Fonte: Folha Max