O policial civil aposentado, Jorge Luiz Souza de Moraes, mais conhecido como Jorge Carioca, afirmou que os tiros que disparou para o alto no cemitério Parque Bom Jesus, em Cuiabá, durante o enterro do filho, Haynner Martins de Moraes, conhecido como Brinquinho, foi uma forma de desabafo.
Hayner foi morto num confronto ocorrido na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio Janeiro, na última quinta-feira (10). Em um vídeo que circula nas redes sociais, Jorge é filmado disparando vários tiros para o alto. Ele estava visivelmente emocionado.
“Foi um desabafo, foram quatro dias sofrendo, eu amava meu filho demais. Eu não fiz isso para afrontar a polícia daqui, porque eu não tenho nada a ver com a coisa e nem a policia do Rio, jamais eu quis ofender a Polícia, porque eu sou Polícia. Jamais afrontaria a polícia de qualquer estado, mas eu sou pai e amava demais, e desabafei dessa forma, mas não foi para afrontar a policia.”, disse em entrevista ao programa Cadeia Neles, da TV Vila Real, nesta segunda-feira (14).
Há oito anos aposentado, Jorge diz que não usou munição letal e que na verdade a arma estava carregada com balas de festim – Elas são parecidas com as munições comuns, e até fazem o mesmo barulho, mas possuem uma diferença crucial – e, por isso, não matam. “Eu jamais botaria uma vida em risco, em hipótese alguma, ou a vida de qualquer cidadão. Era bala de festim, eu tinha uma caixa em casa. Não tinha nem risco nenhum para a população”, argumentou ele.
Por fim, o policial disse que sentiu muito a perda do filho e que tem outros quatro aos quais busca ensinar o caminho diferente do qual Hayner escolheu. “Eu fiz o que eu pude infelizmente filho não faz o que a mãe e pai quer. A minha vontade era de que ele tivesse feito uma faculdade, escolhesse um caminho melhor, mas ele escolheu esse caminho e eu não pude fazer nada contra isso. A gente sempre procura o melhor para o nosso filho. Eu tenho um de nove anos e aconselho ele a estudar, fazer uma faculdade para ser um grande homem, essa é a única coisa que eu peço para os meus filhos”.
Entenda
De acordo com as informações preliminares, Haynner carregava um fuzil e trocou tiros com policiais, sendo atingido e morto no confronto, na última quinta-feira (10). Na ocasião, outros dois moradores ficaram feridos por bala perdida, sendo um idoso de 70 anos e um adolescente de idade não divulgada.
Momentos depois, o motorista foi resgatado e parte da carga recuperada. Segundo os policiais, inicialmente eram dois reféns, sendo o motorista e um ajudante. No entanto, as 19 horas, a corporação voltou atrás e disse que apenas o condutor do caminhão havia sido sequestrado.
O motorista foi rendido quando passava pela Avenida Brasil e foi levado para o interior da favela para que a carga fosse roubada. A empresa de transporte notou que o veículo não seguia a rota e alertou os policiais. A troca de tiros teria iniciado assim que os policiais chegaram. Segundo testemunhas, o idoso estava em um bar quando levou um tiro no peito e foi levado por um mototáxi para o Hospital Federal de Bonsucesso. Já o adolescente teria sido alvejado no joelho.
Fonte: Folha Max