O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido feito pela defesa de Luiz Augusto Coelho Rodrigues, réu na ação penal que tramita na Justiça Federal, relativa a Operação Grão Branco. A defesa pedia que a audiência de instrução fosse realizada apenas após o acesso a um reconhecimento pessoal feito pela Primeira Vara Federal Cível e Criminal da Subseção Judiciária de Cáceres.
Os advogados do suspeito apontavam que o juízo da Primeira Vara Federal de Cáceres teria violado uma súmula do STF, ao agendar a audiência sem que fosse oferecido o acesso ao reconhecimento pessoal utilizado pelo juízo. Para Alexandre de Moraes, a reclamação é improcedente, pois não se ajustaria ao contexto do parâmetro de controle, pois não foi negado o acesso a documentos lançados nos autos da ação penal.
No entanto, o ministro intimou a Polícia Federal para que lance nos autos, em 10 dias, esclarecimentos quanto ao reconhecimento do réu por uma vítima de roubo a um carro, ocorrido em setembro de 2020, na cidade de Cacoal, no interior de Rondônia. O episódio foi citado em uma interceptação telefônica referente à Operação Grão Branco, deflagrada em maio de 2021.
A operação desarticulou uma quadrilha responsável por tráfico internacional de drogas, que atuava em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amazonas, Maranhão, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Entre os mandados, há 38 de prisão e 72 de busca e apreensão, expedidos pela Primeira Vara da Justiça Federal de Cáceres, que determinou ainda a busca e apreensão de 10 aeronaves e o sequestro de todos os bens de 103 pessoas e empresas investigadas.
As investigações começaram em janeiro de 2019, quando a PF e o Grupo Especial de Fronteira – Gefron de Mato Grosso – apreenderam 495 quilos de cocaína no município de Nova Lacerda (MT). Durante a operação, foram realizados mais de 10 flagrantes com apreensão de aproximadamente quatro toneladas de cocaína, aeronaves e veículos utilizados no transporte. Mais de 20 pessoas envolvidas com o crime foram presas.
O líder da organização criminosa, já condenado por tráfico internacional de drogas estava foragido e controlava toda a logística do transporte da droga a partir de uma mansão em um condomínio de luxo em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Ele coordenava o crime desde saída da droga daquele país por meio de aeronaves até o recebimento dela em pistas clandestinas no Brasil, o carregamento em carretas e a entrega em grandes centros do país.
O nome da operação, Grão Branco, deve-se ao transporte de grãos (soja, milho) do estado de Mato Grosso para São Paulo para justificar as viagens das carretas que transportavam a cocaína.
Fonte: Folha Max