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Chácara de político com dinheiro e joias era a isca para suspeitos

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A possibilidade de assaltar uma chácara de político, em um local afastado da cidade, na qual se encontraria dinheiro fácil e joias foi a principal promessa feita aos suspeitos mortos em supostos confrontos com a polícia. A “isca” – conforme inquérito do Ministério Público de Mato Grosso – era apresentada aos suspeitos pelo vigilante Ruiter Cândito da Silva, que delatou policiais militares por falsearem confrontos com a suposta pretensão de executar suspeitos.

Conforme o depoimento do vigilante, que desencadeou a Operação Simulacrum, os suspeitos eram apresentados à possibilidade de um crime fácil e com alta lucratividade. Contudo, eram enganados a caminho dos assaltos e em seguida executados.

Ao todo, de acordo com o depoimento ao qual o portal  teve acesso, Ruiter narrou 5 supostas execuções em que atuou na reunião de suspeitos. Os falsos confrontos ocorreram entre os anos de 2017 e 2020 na Região Metropolitana de Cuiabá.

A primeira suposta execução ocorreu no dia 3 de outubro de 2017, na região do Rodoanel, em Cuiabá. Na data, Deberson Pereira de Oliveira, Fabrício Soares Ferreira e Maykon Ricardo Moraes Dihl foram mortos.

Segundo o delator, a reunião de suspeitos começou quando Ruiter trabalhava em um mercado do bairro Jardim Vitória. Na ocasião, ele puxou papo sobre um possível assalto com um homem de tornozeleira que entrou no comércio. Com a sequência do diálogo, o vigilante disse ao suspeito para arrumar uma “gurizada” pois havia uma chácara “mamão com açúcar (para ser assaltada)” com dinheiro, ouro e armas.

Após atrair os suspeitos para a emboscada e fugir, o vigilante contou ter ficado sabendo da morte dos suspeitos pela televisão. Contudo, a execução do primeiro grupo não limitou a atuação de Ruiter para que outros suspeitos também fossem mortos.

Já no segundo suposto confronto, em 30 de setembro de 2019, foram mortos Lucas Matheus Campos Arce, Vanderson da Conceição Ferreira, Francisco Junior de Carvalho, Kelvin Dias Nascimento e Bryan Christian Rodrigues Pinheiro. A diferença na isca apresentada aos suspeitos neste crime era o fato de que a suposta chácara seria de um político.

No terceiro confronto, em 8 de julho de 2020, na MT-351, 4 homens foram mortos: Cléber Neves de Andrade; Cleberson Rodrigues Marques e Silva; José Carlos Fernandes Dumont e João Vitor Chaves, além da tentativa de execução de Diego Arruda do Nascimento. Para a emboscada, o texto de apresentação da proposta repetia a mesma fórmula apresentada nos crimes anteriores. Com a morte dos suspeitos, Ruiter foi beneficiado.

No mesmo mês, no dia 29, um terceiro crime foi acrescentado à ficha de supostas execuções listada por Ruiter. Na data, o “confronto” ocorreu na região do Condomínio Belvedere, resultando na morte de André Felipe de Oliveira Silva, Gabriel de Paula Bueno, Jhon Dewyd Bonifácio de Lima, Leonardo Vinycius de Moraes Alves, Oacy da Silva Taques Neto e Willian Dhiego Ribeiro Morais.

Apesar do número maior de suspeitos envolvidos, a promessa feita ao grupo seguia a mesma: assalto a uma chácara de político, na qual haveria R$ 300 mil em espécie, joias e armas. Em 30 de outubro daquele ano, o último confronto narrado por Ruiter resultou na morte de Kaio Henrique Miranda de Araújo, Deyverson Ferreira de Oliveira Motta, Franklin Thomé Arruda Ferreira Mendes e Lucas Conceição Silva.

Além dos crimes que ajudou a cometer – as execuções de bandidos que ele assumiu ter participado junto com os policiais -, Ruiter também tem passagens por tentativa de homicídio e Lei Maria da Penha. Deflagrada na manhã de quinta-feira (31), a Operação Simulacrum cumpriu 115 mandados judiciais – sendo 81 de prisão e 34 de apreensão – contra policiais militares. As prisões se deram baseadas “provas robustas” de que os agentes da segurança pública teriam forjado confrontos policiais para execução de suspeitos.    

Os assassinatos, segundo informações da decisão que baseou a operação, teriam sido realizados com o intuito de benefícios pessoas dos militares, incluindo promoções de cargo, assim como para os batalhões aos quais estavam lotados.    

Os crimes detalhados na operação ocorreram entre 2017 e 2020, tanto em Cuiabá quanto em Várzea Grande. Ao todo, 64 policiais foram presos na ação, que ocorreu após depoimento de Ruiter prestado ao MPMT.

Fonte: Folha Max

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