Para o tenente-coronel da Polícia Militar, Cláudio Fernando Souza, que presidiu o inquérito que apurou as circunstâncias da morte do tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, todos os envolvidos na operação sabiam que o tiro que matou o policial havia sido disparado por um deles. A tese é endossada pelo Ministério Público, que chegou a citar que o cabo Jacinto, suspeito de ser o autor do tiro, revelou que não contou nada porque “ninguém perguntou”.
Para o tenente-coronel Fernando, as circunstâncias do crime deixaram claro que a versão apresentada pelos policiais não condizia com a verdade dos fatos. Ele apontou que a perícia apontou uma série de divergências, tendo em vista o treinamento que os homens do Bope passam para integrar o grupo, prevê posturas diferentes daquela que os policiais tiveram na ocasião.
“O Scheiffer não seria negligente com a própria segurança. Um policial do BOPE, que passa pelo treinamento que passa, não faria o que disseram que ele fez na versão. Aí eu já vi que tinha algo de errado. A perícia apontou que o Scheiffer estava com a arma apontada na “região sul”, de descanso. Na minha opinião, não houve disparo algum de arma de fogo. Quando ele caiu, ninguém se preocupou em fazer a segurança, sem efetuar nenhum disparo, pois tinham convicção que o tiro saiu de um deles. Toda a guarnição sabia. Digo isso com base no inquérito, que eu apurei”, afirmou o tenente-coronel.
Para a promotora de Justiça, Daniele Crema da Rocha de Souza, o tiro foi disparado de forma dolosa. “É evidente que o cabo Jacinto agiu dolosamente. Ou seja, ele matou e mentiu. A versão que os acusados querem nos vender não são validadas por nenhum elemento de prova. Quando foi questionado o porque de não ter contado que matou o colega de farda, ele simplesmente respondeu que não o fez, porque ninguém havia o questionado. “Eu até pensei em contar a verdade, mas ninguém veio me perguntar”, afirmou ele. Vejam só o absurdo que é isso. Ele feriu os valores mais nobres da Polícia Militar”, afirmou.
Scheifer foi morto, em maio de 2018, durante operação de busca a suspeitos de assalto a banco, conhecido como Novo Cangaço. Inicialmente foi informado que Scheifer teria sido atingido por bandidos. Sentam no banco dos réus os policiais militares, cabo Lucélio Gomes Jacinto, que atirou contra o colega de farda, o 3º sargento Joailton Lopes de Amorim e o soldado Werney Cavalcante Jovino.
A sessão é presidida pelo juiz Marcos Faleiros que fará o julgamento juntamente com Conselho Militar formado por major Heitor Fernandes, o coronel Nerci Adriano Dernardi, o capitão Rondon Souza Alves, o suplente 1° tenente Felipe Silva de Almeida, o capitão Marcos Gomes de Freitas, o suplente Daniel Alves Moura e Silva e o capitão Marco Antônio Souza.