Uma briga no réveillon de 2007, por conta de uma vaga de estacionamento em uma das principais vias de Ariquemes (RO), a 198 km da capital Porto Velho, foi a causa dos homicídios que resultaram nas prisões do presidente da Câmara de Vereadores de Nova Nazaré, Marco Túlio (PSDB), e de seu irmão, detido em Aruanã, em Goiás.
Marco Túlio e seu irmão fugiram logo após o crime e mudaram de identidade. Na verdade, o vereador se chama Valdoir Bento Tavares e seu irmão Valteir Bento Tavares. Ambos, juntamente com Oseias de Oliveira, conhecido como Cegão, estavam nas proximidades da extinta boate V8, que funcionava na Avenida Tancredo Neves, uma das principais vias de Ariquemes.
Valdoir e Valteir foram presos pela Polícia Civil na segunda-feira (7), por agentes da Delegacia de Água Boa. Além das ordens judiciais cumpridas, eles responderão pelos crimes de posse ilegal de arma de fogo, falsidade ideológica, falsa identidade e uso de documento falso.
O vereador por dois mandatos responde a procedimentos por crimes de furto, ameaça, furto de gado, apropriação indébita, posse irregular de arma de fogo, receptação e direção perigosa. Ele também possui diversas passagens criminais na cidade Aruanã (GO) por furto em zona rural, lesão corporal, posse ilegal de arma de fogo e receptação.
Na ação que tramita na justiça rondoniense, o Ministério Público narra que Oséias, Valteir e Valdoir estariam por volta das 4h30 da manhã do primeiro dia de 2007 na Avenida Tancredo Neves, próximo a boate V8, na região do Setor 5, no centro de Ariquemes.
“Consta que, no mesmo evento delituoso, os denunciados lograram ferir a vítima Leandro de Andrade Passos, igualmente com intenção de matar, todavia não atingindo seus objetivos por circunstâncias alheias às suas vontades. Depreende-se que os agentes, com intuito de obter uma vaga de estacionamento em local de comemoração pela virada do ano, passaram a xingar e ameaçar as vítimas Éder e Leandro, os quais estavam com seus veículos, sendo que o denunciado Oséias repassou sua arma de fogo, tipo pistola de grosso calibre, ao também denunciado Valdoir indicando e apontando a este as pessoas que deveriam morrer, sendo estas Éder, Leandro e James Wesley Vasconcelos”, diz a denúncia.
O Ministério Público apontou que Valdoir, contando com a colaboração de Valteir, que lhe deu cobertura, passou a atirar contra as vítimas indicadas por Oséias, causando a morte de Éder e lesões corporais em Leandro, que só não morreu porque, mesmo ferido, conseguiu fugir e recebeu socorro de populares. Uma outra pessoa, identificada como Edeilson Moura dos Santos, não tinha nada a ver com a briga, mas acabou sendo baleada e morreu.
Cegão chegou a ser condenado a 39 anos de prisão, mas recorreu e passou por novo júri, onde teve a pena reduzida para 26 anos de reclusão. Atualmente ele está em liberdade.
“Segundo se apurou, os disparos efetuados na direção de James acabaram atingindo e matando a vítima Edeilson Moura dos Santos, sendo que os denunciados, ainda não satisfeitos com esse resultado, continuaram a atirar contra as pessoas que estavam no local. Valteir, que até então dava suporte à ação de Valdoir, também disparou contra as vítimas James, André Passoni e Sheila Fernanda Pizzo, só não logrando êxito em seu intento homicida porque, embora municiada, a arma falhou no momento em que foi acionada”, aponta o MP.
Segundo o delegado regional de Água Boa, Valmon Pereira da Silva, o trabalho de identificação e prisão dos suspeitos só foi possível graças as informações cedidas pelo Instituto de Identificação de Rondônia e do Goiás, assim como, o trabalho feito pela Papiloscopia de Barra do Garças, que prontamente forneceu suporte para o cumprimento dos mandados e também dos Peritos Papiloscopistas de Tocantins, que elaboraram o laudo prosopográfico.