A médica Letícia Bortolini, acusada de atropelar e matar o verdureiro Francisco Lúcio Maia, em abril de 2018, relatou durante a audiência de instrução do caso, realizada na última quarta-feira (23), que sofreu ameaças e até mesmo tentativa de chantagens após o acidente. Ela relatou ao juiz Flávio Miraglia, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá que uma das testemunhas, B.D.P.L., pediu dinheiro para depor a favor dela durante uma consulta.
Letícia relatou, durante o depoimento, que após o acidente, tinham chegado até ela alguns comentários em redes sociais de várias pessoas, sempre com muitas ameaças. A médica relatou que alguns eram mais frequentes, de algumas pessoas específicas. Ela relatou ainda que não conhecia a testemunha até o dia em que B.D.P.L. esteve em seu consultório buscando atendimento para uma suposta lesão na pele.
“Eu não conhecia até o dia desta consulta. Ele veio até mim com uma queixa de lesão de pele. Eu o atendi, examinei e verifiquei que não existia doença alguma e a queixa não era compatível com a pele que ele mostrava. No momento em que eu estava sentada, conversando com ele para orientá-lo, ele perguntou se eu sabia quem ele era. Disse que não e ele respondeu que era a única testemunha do acidente. Foi quando levei um susto. Fiquei com medo, porque sempre recebi muita pancada, ameaças. Aí ele me disse que estava ali para me ajudar, se eu pudesse ajudar ele de volta. Aí eu me assustei”, relatou.
Na sequência, a médica disse que ficou espantada pelo fato de que ele já havia feito um testemunho contra ela e chegou a dizer ser amigo do verdureiro. Letícia relatou que ficou sem entender o propósito da visita de B.D.P.L. ao seu consultório, até que ele fez a proposta de oferecer ajuda em troca de dinheiro.
“Disse a ele que não estava entendendo. Foi quando ele fez um sinal com a mão (referência a dinheiro) e disse que se eu pudesse ajudá-lo, ele me ajudaria. Disse para ele que conversaria com meu advogado e me despedi. Liguei para o meu advogado e pedi orientação e ele disse que tínhamos que fazer um boletim de ocorrência. Como ele me explicou que geraria um inquérito, com uma investigação onde eu teria que depor, optei por não fazer nada. Aí me surpreendi com ele na audiência, falando contra mim”, concluiu.
